Caso Belfort Roxo: Suspeito deixou cadeia em 'saidinha' de Dia das Mães

O benefício previa seu retorna ao sistema prisional em uma semana; 'Piranha' nunca mais voltou para a penitenciária e tornou-se foragido

Foto: Reprodução: Redes Sociais
Desaparecimento de meninos na Baixada Fluminense segue em investigação

Um dos principais suspeitos de envolvimento no desaparecimento de três meninos em Belford Roxo , saiu da cadeia pela porta da frente. O traficante José Carlos dos Prazeres Silva, o Piranha, de 41, cumpria uma pena de seis anos de prisão quando foi beneficiado pela saída do Dia das Mães, no dia 15 de maio de 2017. O benefício previa que ele deveria retornar em uma semana, mas Piranha nunca mais voltou ao xadrez e se tornou foragido.

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De 2017 para cá, Piranha ascendeu na hierarquia do crime, de acordo com a polícia. Integrante do terceiro escalão de uma facção criminosa, é um dos bandidos mais procurados do Rio. Em seu nome, segundo o dados disponibilizados pelo Conselho Nacional de Justiça, há sete mandados de prisão.

O último deles foi expedido dia 24 de junho por crime de tortura, quando Piranha teve a preventiva decretada pela 1ª Vara Criminal de Belford Roxo, por envolvimento na tortura de um homem, apontado injustamente como o responsável pelo sumiço dos três garotos.

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Ele foi amarrado por traficantes e apresentado por moradores à 54ªDP (Belford Roxo) com um cartaz pendurado, onde era possível ler que seria o culpado pelo desaparecimento dos meninos. O Disque-Denúncia (2253-1177) oferece uma recompensa de mil reais por informações que levem até a prisão do traficante. Uma das hipóteses investigadas pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) é a de que Piranha tenha dado ordem para o desaparecimento dos garotos.

Segundo a a denúncia apresentada por uma testemunha, que prestou depoimento na quarta-feira, o crime teria sido motivado porque um dos meninos estaria envolvido no furto de uma gaiola de passarinhos. A testemunha disse que seu próprio irmão teria recebido de traficantes do Complexo do Castelar, sacos com corpos das crianças que foram jogados no Rio Botas.

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O suspeito prestou depoimento e negou o crime, mas admitiu ter jogado no rio sacos que foram entregues por traficante. Ele também afirmou desconhecer o conteúdo dos invólucros. A DHBF pediu a prisão do suspeito, mas o pedido foi indeferido pela Justiça.

Levantamento no site do Tribunal e Justiça revela que em nome de José Carlos dos Prazeres Silva há dez processos em que ele aparece como indiciado ou réu. A maior parte por crimes de tráfico, associação para o tráfico e homicídio.

Oriundo da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, o bandido foi designado pela facção criminosa que integra para controlar os negócios do tráfico no Complexo do Castelar, em Belford Roxo e nos Morros São Simão e Caixa D'Água, em Queimados. Num dos processos que responde, por associação para o tráfico, Piranha teve a prisão decretada ao lado do também traficante Edgard Alves de Andrade, o Doca.

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Já numa investigação da 6ª DP (Cidade Nova), Piranha é um dos investigados por suspeta ceder homens e armas para uma invasão ao Complexo de São Carlos, em agosto do ano passado, quando uma mulher foi morta, vítima de bala perdida, durante confronto entre traficantes rivais.

Lucas Matheus, de 9 anos, Alexandre Silva, de 11 e Fernando Henrique, de 12, sumiram no dia 27 de dezembro. Eles foram vistos pela última vez em uma feira do Bairro Areia Branca, também em Belford Roxo. Moradores do Morro do Castelar, os meninos ainda foram flagrados por uma câmera de segurança quando estavam a caminho da feira.


Pelo menos duas testemunhas também afirmaram, ao prestar depoimento na DHBF, terem os visto os garotos no local. A polícia trabalha com a hipótese de que os meninos tenham desaparecido logo após deixarem à feira ou nas proximidades da comunidade em que moravam.