RJ: Avó diz ter informado PC sobre paradeiro dos meninos de Belfort Roxo em 2020
Família compartilhou as informações sobre a possibilidade de corpos terem sido jogados no rio Botas, em dezembro do ano passado
Já se passaram mais de sete meses desde que os meninos Lucas Matheus, de nove anos, Alexandre, de 11, e Fernando, 12, desapareceram no bairro de Castelar após saírem para brincar de futebol . A denúncia a respeito do sumiço foi feita em dezembro de 2020 e a Polícia Civil tinha conhecimento sobre a possibilidade dos corpos das crianças terem sido jogados no rio Botas (em Belford Roxo) desde quando a ocorrência foi feita.
Apenas na sexta-feira (30), contudo, que a Polícia Civil encontrou restos mortais que podem ser atribuídos aos meninos. A perícia ainda precisa ser concluída para confirmar - através do sequenciamento do DNA encontrado - se seriam ou não as crianças desaparecidas.
De acordo com Silvia Regina, avó de dois dos meninos (Lucas e Alexandre), as informações sobre os restos mortais foram compartilhadas para a família através de uma testemunha ligada a uma pessoa suspeita de envolvimento com o desaparecimento dos meninos.
Assim que tomou conhecimento, Silvia afirmou que a família compareceu aproximadamente no dia 30 de dezembro para compartilhar as denúncias aos policiais civis e foi recebida por uma pessoa chamada 'Joice', apontada pela avó dos meninos como alguém que exercia cargo de responsabilidade nas investigações.
“Eu falei com a Joice que estava chefiando também, ela estava grávida e ficou de licença, mas foi passado para ela. Assim que a gente começou a ir na delegacia, começamos a entregar todas as informações”, explicou.
Procurada pelo DIA, a Polícia Civil afirma que a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) informa que toda denúncia apresentada com dados concretos foi verificada e que as investigações e buscas seguem em andamento.
“Foi falado pelo próprio enteado de uma pessoa suspeita que teriam jogado o corpo dos meninos no Babi (no Rio Botas, na altura do bairro Babi, em Belford Roxo), que tinham picotado o corpo das crianças. Esses ossos que foram encontrados, a gente já sabia disso [da informação] desde dezembro porque esse enteado falou que tinham jogado o corpo ali desde dezembro, então quem pode estar envolvido com esse caso não são os traficantes, mas este suspeito pode estar sabendo”, explicou Silvia Regina.
De acordo com Silvia Regina, a mesma pessoa que relatou os fatos para os familiares também passou as mesmas informações através de um depoimento dado à Polícia Civil. As investigações apontaram até o momento que o tribunal do tráfico teria envolvimento com o caso do desaparecimento, mas a avó dos meninos suspeita desta versão.
“Eles estão jogando a culpa no tráfico e nos milicianos, mas pra mim o tráfico não tem nada a ver com isso. Isso aí desde dezembro, o próprio enteado falou que tinham jogado o corpo das crianças lá. Por que só agora ele resolveu falar depois de sete meses? Eles falaram para um familiar meu e para outro colega da família, inclusive. Estiveram na delegacia para depor e tudo, eu passei isso para a Joice, mas não deu em nada. Falaram que o suspeito era inocente, mas e aí? Só sei que sobre esses ossos, isso já havia sido falado desde dezembro e a gente sabia disso, só que ninguém deu importância”, questionou.
Silvia lamentou: “tudo que a gente fala ninguém liga”.
'Tenho esperança', diz avó dos meninos
Apesar da tristeza, a avó ainda mantém a esperança de um dia poder reencontrar os seus netos com vida. “Eu tenho a esperança de que esse corpo não vai ser das crianças, porque seria muito triste se fosse o dos meus netos e do garotinho. É doloroso, muito triste mesmo. De todo coração eu estou esperando que não seja o das crianças”.
A avó disse que em função do esgotamento, a família já não consegue mais tentar investigar por conta própria com a mesma intensidade que no início, mas ela disse que a família até hoje distribui cartazes pelas ruas.
“A gente fez tudo que podia ser feito, andamos muito, corremos em todos os lugares que falaram que as crianças iam. O que eu continuo fazendo até hoje é distribuir cartazes, isso eu continuo, eu pergunto, ando com a camisa deles na rua, essa roupa virou meu uniforme e não tiro mais ela aonde quer que eu vá, tanto no trabalho, quando na rua, eu lavo ela e coloco de novo”, se referindo a roupa com a imagem dos netos, em que pede ajuda da população.