Com mais cinco policiais militares denunciados na última semana, chega a 400 o número de agentes de segurança denunciados pela participação em um motim no Ceará , em 2020.
Os acusados devem responder na Justiça por crimes cometidos entre os dias 18 de fevereiro e 1º de março do ano passado, quando parte da corporação se amotinou em quartéis, retirou viaturas de circulação, se recusou a patrulhar as ruas e praticou atos de insubordinação.
Entre os denunciados, três foram expulsos e 390 policiais militares estão afastados das funções. As informações são do "Diário do Nordeste".
A Promotoria de Justiça Militar informou ao jornal cearense que ao menos 400 denúncias contra policiais e bombeiros militares, de coronéis a soldados, que atuam nas mais diversas regiões do Estado, já foram acolhidas.
Os promotores também confirmaram que o número deve crescer nas próximas semanas, com a apresentação de novas denúncias pelo Ministério Público do Ceará.
Os acusados vão responder por crimes como revolta militar em tempo de paz, omissão de lealdade, atentado contra viatura, desobediência, prevaricação e inobservância de lei, regulamento ou instrução.
Motim
O motim ocorreu a pretexto de reivindicar melhoria salarial. Durante a greve, policiais encapuzados invadiram instalações militares, furaram pneus das viaturas, impediram o trabalho dos colegas que não aderiram ao movimento e atacaram os que realizavam patrulhamento.
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No período da greve, foram registrados 321 homicídios no Ceará, sendo 114 apenas em Fortaleza. Além da capital, houve motins em quartéis de Sobral, Itapipoca e Juazeiro do Norte. Para conter o avanço da violência, foi preciso enviar homens do Exército e da Força Nacional de Segurança.
No momento mais tenso da paralisação dos policiais, o senador Cid Gomes (PDT-CE) foi atingido por dois disparos de arma de fogo ao tentar furar um bloqueio de policiais no município de Sobral usando uma retroescavadeira.
O motim terminou após os policiais aceitarem uma proposta para encerrar a paralisação e retornar ao trabalho. O acordo não previa anistia aos que participaram do motim, uma das exigências dos policiais originalmente, mas assegurou que os PMs teriam acompanhamento de instituições como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Defensoria Pública e o Exército durante os procedimentos legais.