Cerca de 25 pessoas acompanharam o enterro do corpo do funcionário civil da Aeronáutica Fernando José Fernandes da Costa e Silva, no Cemitério do Murundu, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, na tarde desta terça-feira, dia 13. O idoso, morto por complicações da Covid-19, era pai da professora Monique Medeiros da Costa e Silva, que está presa preventivamente pela morte do filho, Henry Borel Medeiros , e não foi autorizada a deixar o Instituto Penal Ismael Sirieiro, em Niterói, n a Região Metropolitana do estado. Além da mulher, a também professora Rosângela Medeiros da Costa e Silva, Bryan Medeiros da Costa e Silva, seu filho mais novo, participou da cerimônia.
Monique teve negado, nesta manhã, o pedido feito a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) para sair da unidade e ir ao enterro do pai. As justificativas da pasta são que Fernando morreu em decorrência do coronavírus, cujo protocolo é de não haver velório, e ainda o termo assinado pela professora entrar no sistema prisional, em 8 de abril, dando conta de seu receio a integridade física, sendo, por isso, “altamente desrecomendada” sua exposição a ambiente coletivo.
O pedido de comparecimento ao velório e sepultamento feito pelos advogados Thiago Minagé, Hugo Novais e Thaise Assada teve como base o artigo 120 da Lei de Execuções Penais, que afirma que os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semiaberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer a morte ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão. Procurado por O GLOBO, Minagé disse ainda não ter sido informado sobre a decisão e que irá avaliar as medidas judiciais cabíveis contra a Seap.
Monique, assim como o namorado, o médico e ex-vereador Jairo de Souza Santos, o Dr. Jairinho, é ré por torturas e homicídio qualificado contra Henry, fraude processual e coação no curso do processo. Fernando, que estava internado em um hospital particular de Bangu, já sofria de outros problemas de saúde há alguns anos. Em depoimento prestado na 16ª DP (Barra da Tijuca), onde os crimes foram investigados, Rosângela contou que, quando Monique lhe telefonou avisando haver levado seu neto para o Hospital Barra D’Or com dificuldades para respirar, na madrugada de 8 de março, ela chegou a chamar o companheiro. Mas, por ele não ter condições físicas de acompanhá-la, foi até a unidade de saúde com o filho e a nora.
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A casa da família sofreu uma busca e apreensão, feita por policiais da 16ª DP, na manhã de 26 de março. Na ocasião, quatro celulares foram recolhidos no imóvel. Quando o aparelho de celular de Monique foi periciado por profissionais do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), 134 mensagens trocadas pela professora e por Fernando, entre os dias 13 e 24 de março, foram recuperadas.
Ao idoso, a quem a ela identifica como “papy”, ela escreve, à 1h18 de 15 de março: “Devo merecer o que está acontecendo. Tudo foram escolhas minhas. Agora estou colhendo. Me sinto muito culpada.” O pai então responde: “Todos nós erramos.” E Monique argumenta: “Eu deveria ter colocado ele na cama dele que era mais baixa. Deveria ter dormido no quartinho dele com ele”. E Fernando rebate: “Nada acontece se Deus não permitir.”