"Coronel" chefe de facção criminosa rouba trilho de trem para milícia no Rio

Conheça o "Coronel do TCP", 01 da facção que tem macaco de estimação, ostenta joias, fuzila e concreta desafetos. Ele também fornece ferro para construções de milicianos na Muzema e Rio das Pedras. Reportagem do jornal O Dia

Foto: Fabiano Rocha
Funcionários da Supervia trabalhando após problemas na estação


Cinco quilômetros separam as construções irregulares que desabaram em Rio das Pedras, há um mês , e na Muzema, há dois anos . No total, 26 pessoas perderam a vida. A Polícia já tem conhecimento de quem fornece ferro para os pilotis dos prédios construídos pela milícia: trata-se de Bruno da Silva Loureiro, o Coronel, liderança máxima do Terceiro Comando Puro (TCP). O material vendido é roubado das linhas de trem da Supervia, na altura de Marechal Hermes e Deodoro. A concessionária auxiliou nas investigações. A informação consta em um inquérito da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod).

A investigação, no entanto, não se limita aos roubos somente do ferro, mas mira todos os crimes já perpetrados por Coronel que, segundo os investigadores, está acima de Álvaro Malaquias, o Peixão, na hierarquia do tráfico. Peixão é conhecido como líder do chamado Complexo de Israel, na Zona Norte.

"Ele é chamado de Coronel por estar presente em todas as guerras do TCP. Passou a ser respeitado por isso e ultrapassou os limites do Muquiço, comunidade de origem dele. Onde há invasão da facção, ele está presente", disse um investigador.

O apelido Coronel não se limita somente ao nome: apesar de nunca ter sido militar, ele gosta de usar farda e até colocar roupa camuflada em um macaco de estimação. Para ostentar em bailes, encomendou um cordão, que aparenta ser de ouro maciço e cravejado de pedras preciosas. Um vídeo, obtido pela reportagem, detalha a joia. Nela, o criminoso está fardado, como um coronel do Exército, segurando um fuzil. A favela do Muquiço, na Zona Oeste, também é representada, além das siglas da facção TCP e cifrões.


E, dinheiro, definitivamente não é problema para o traficante. Isso ficou claro nas dezenas de fotos apreendidas na sua casa, em Senador Camará, em outubro do ano passado, pela especializada. Nelas, Coronel aparece com a esposa e o filho bebê, recém-nascido, em férias em locais paradisíacos. Em várias delas, ele manda um beijinho para a câmera.


A meiguice contrasta com as atitudes no tráfico. Coronel é altamente sanguinário. Teria partido dele ordem de matar um sócio de uma empresa que fornecia internet para o Muquiço. O corpo da vítima foi concretado e jogado no Rio Acari. "São várias as notícias dando conta de que seus inimigos são sumariamente fuzilados e têm seus corpos 'concretados'", diz trecho de um relatório.

Há a informação de que o traficante esteja no Complexo da Maré. Informações podem ser passadas ao Disque Denúncia.