Confundido com procurado, motoboy é preso por engano duas vezes no Rio
Rapaz é homônimo de homem acusado de tráfico de drogas e de tentativa de homicídio. Ele foi detido, neste domingo, ao passar em uma blitz. Nesta segunda-feira, o entregador acabou ganhando a liberdade
Ser homônimo de um homem acusado de tráfico de drogas e de tentativa de homicídio, que está com a prisão decretada, levou o motoboy Alison da Silva Monteiro, de 27 anos, a ser punido duas vezes por um crime que nunca cometeu. Em abril de 2019, o rapaz foi preso e chegou a passar três dias numa cela com 180 detentos até conseguir a liberdade. Desde então, Alison passou a andar com uma cópia do alvará de soltura na carteira. De nada adiantou. Neste domingo, ele foi mais uma vez confundido com o xará procurado e acabou indo parar novamente atrás das grades.
Nesta segunda-feira, depois que a Justiça concedeu um contramandado (ordem judicial que revogou a prisão do entregador), Alison fez um desabafo e disse que estuda entrar com um pedido de ação indenizatória contra o estado.
"Não imaginei que fosse passar por tudo isso novamente. Em abril de 2019, o mandado de prisão expedido tinha uma letra a mais no nome . O meu Alison é com um l só e mesmo assim fui preso e ainda precisei passar por uma audiência de custódia. Lembro, inclusive, que dois policiais que conheciam a pessoa procurada estiveram lá. Eles disseram ao juiz que não me reconheciam e que eu não era o procurado. Desta última vez, colocaram o meu nome certo no mandado e até a minha filiação. Ou seja, o Estado disse que o bandido era eu e não o outro. É um constrangimento e uma sensação de impotência enorme", disse.
Na primeira vez que acabou indo parar atras das grades por engano, Alison foi detido pela polícia no Detran de Irajá. Na época, ela havia ido ao local para renovar sua carteira de habilitação. Na ocasião, precisou passar três dias em um presídio, em Benfica, até ser solto pela justiça.
No domingo, ele fazia uma entrega de comida quando foi abordado por policiais militares, em uma blitz, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. O entregador chegou a mostrar a cópia do alvará de soltura, de 2019, mas acabou sendo levado para a 35ªDP (Campo Grande). O advogado do rapaz entrou com um pedido de relaxamento de prisão, e o entregador foi solto no ainda nesta segunda-feira.
"Fiquei com muito medo de que fosse voltar para Benfica mais uma vez. Passei a noite toda em claro . Graças a Deus, o advogado foi rápido", disse.
Os dois enganos custaram caro ao motoboy. Ele revelou que , por causa da primeira prisão, teve que deixar de lado um emprego de motorista de aplicativo.
"Era motorista de aplicativo e fui banido por conta do mandado de prisão. Agora, já soube que aconteceu a mesma coisa com o aplicativo de serviços de entregas", revelou.
Alison disse que , por conta do ocorrido, está com medo de sair de casa. "Fico com medo de sair pra rua e acontecer a mesma coisa de novo. Ou de sofrer uma covardia qualquer", concluiu.
Segundo o RJTV, após o episódio de 2019, a Justiça corrigiu informações sobre o verdadeiro alvo do mandado de prisão, mas nem todo o sistema foi atualizado. Ao RJTV, a Polícia Civil informou que a atualização das informações ou retirada do nome de Alison do sistema não cabe à corporação. Entretanto, acrescentou que entrou em contato com o Tribunal de Justiça para esclarecer os fatos.