Nesta quarta-feira (2), o empresário Nilton Costa Lins Júnior foi preso pela Polícia Federal sob suspeita de desvio de dinheiro no combate à Covid-19 . O homem é pai das irmãs gêmeas acusadas de furarem fila e serem vacinadas em Manaus (AM) no início do ano.
A PF foi recebida a tiros quando tentava prender o empresário, que podem ter sido disparados por um filho dele, informou a subprocuradora-geral Lindôra Araújo ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).
O investigado é dono do Hospital Nilton Lins, alugado pelo governo estadual para funcionar como hospital de campanha, e da Universidade e Escolas Nilton Lins, onde estudaram duas de suas filhas. Gabrielle e Isabelle Lins , formadas em medicina no ano passado, foram vacinadas após serem nomeadas para trabalhar na área administrativa de uma UBS (Unidade Básica de Saúde) em Manaus.
O caso ganhou repercussão após as gêmeas publicarem fotos nas redes sociais recebendo o imunizante. Na época, elas justificaram estar na linha de frente da UBS Nilton Lins, unidade batizada pela prefeitura com o nome do empresário e pai delas.
Prisão de Nilton Lins
A ação também incluiu a busca e apreensão contra o governador do estado, Wilson Lima (PSC). Além disso, o secretário de Saúde, Marcellus Campêlo, também foi alvo de mandado de prisão.
Ao portal UOL , o advogado de Lins, João Carlos Cavalcante, disse que, "na verdade, não teve troca de tiros". Já a procuradora do Ministério Público, Lindôra Araújo, disse que, em 30 anos de carreira, nunca se deparou com essa situação. "Como foi uma situação muito sui generis, uma situação dessas, nunca tinha visto acontecer...", afirmou. "Teve um incidente bastante sério. Foi uma situação bastante constrangedora e perigosa lá em Manaus".
Essa foi a quarta fase da operação que apura desvios no estado do Amazonas. Somente o governador foi denunciado duas vezes ao STJ.
Apesar de também ter sido alvo de mandado de prisão, Campêlo não foi encontrado, pois estava viajando, informou a secretaria de Saúde do estado. Em nota, ela disse que o secretário "retornou a Manaus logo que tomou conhecimento da operação para se apresentar à Polícia Federal e prestar todos os esclarecimentos necessários". "O secretário sempre esteve à disposição da Justiça, tem convicção de que sua administração tem atuado de forma correta, dentro da legalidade e da transparência".