BRASÍLIA — Em discurso feito a comandantes militares em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que espera que não seja necessário que as Forças Armadas tenham que agir "dentro das quatro linhas da Constituição Federal". No seu discurso, Bolsonaro afirmou que existe uma polarização no Brasil atualmente, mas aquele que analisar o país nos últimos 20 anos não cometerá um erro no ano que vem, em referência às eleições presidenciais.
Em seus discursos, Bolsonaro costuma usar a expressão para fazer referência a ações mais duras do governo como, por exemplo, quando ameaçou editar um decreto contra medidas restritivas de prefeitos e governadores contra o coronavírus. No Amazonas, o presidente afirmou que recebeu que a oportunidade dada por meio de sua eleição deve ser aproveitada "no bom sentido".
— Se temos essa oportunidade, se Deus deu essa missão para nós, vamos aproveitá-la no bom sentido. Tenho conversado muito com o Braga Netto, nosso ministro da Defesa. Mais do que obrigação, tenho certeza que vocês agirão dentro das quatro linhas da Constituição Federal se necessário for. Espero que não seja necessário — afirmou.
Segundo Bolsonaro, o país ainda está longe da normalidade. Na mesa com Bolsonaro estava presente o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e uma série de outros oficiais.
— Que a gente parta para a normalidade. Não estamos nela ainda, estamos longe dela. Mas ninguém pode acusar o atual Presidente da República de ser uma pessoa que não seja democrática, não respeita as leis e não aja dentro da Constituição, se bem que outros jogam pedras de fora dela — disse.
Nesta quinta-feira, Bolsonaro afirmou que deseja paz, progresso e liberdade e que a manutenção da liberdade passa pelo desejo das Forças Armadas. Ao falar com os oficiais do Exército, Bolsonaro afirmou que não queria fazer um discurso político, mas ressaltou que "somos seres políticos". O presidente ainda destacou que o governo defende os militares.
Bolsonaro admitiu que existe uma polarização no Brasil mas disse que quem analisar o que aconteceu no Brasil nos últimos 20 anos não irá cometer um erro no ano que vem, em referência às eleições de 2022.
— O que nós queremos é paz, progresso e acima de tudo liberdade. E a gente sabe que esse último desejo passa por vocês. Vocês é que decidem em qualque país do mundo como aquele povo vai viver. Ninguém está aqui para fazer discurso político, mas somos seres políticos.
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Em abril, durante uma live transmitida nas redes sociais, Bolsonaro alertou que o país estava se aproximando de um limite. Na ocasião, Bolsonaro disse que o governo vai "agir dentro das quatro linhas da Constituilção restabelecendo a ordem no Brasil".
— Lamento muito pelo futuro do nosso Brasil. E o que eu posso fazer? A gente só ganha a guerra se tiver informações, se o povo estiver bem informado, consciência do que está acontecendo. Alguns querem que seja imediatista. Eu sei o que tem que fazer, dentro das quatro linhas da Constituição. Se o povo cada vez mais se inteirar, se informar, cutucar seu vizinho, mostrar qual o futuro do nosso Brasil, a gente ganha essa guerra. Eu sei onde está o câncer do Brasil. Se esse câncer for curado, o corpo volta a sua normalidade. Estamos entendidos? Se alguém acha que tem que ser mais explícito, lamento — afirmou.
No dia 7 de maio, o presidente afirmou que o decreto contra as medidas restritivas da Constituição estava pronto. Bolsonaro tinha indicado que poderia usar as Forças Armadas contra as medidas de distanciamento social adotadas por governos estaduais e prefeituras.
— Minha Marinha, o meu Exército e a minha Aeronáutica jogam dentro das quatro linhas da Constituição — disse Bolsonaro na ocasião acrescentando depois: — Mas também não admitiremos quem queria jogar fora das quatro linhas da nossa Constituição.