O procurador geral de Justiça, Luciano Mattos, anunciou na manhã desta terça-feira a criação de uma força-tarefa para investigar a operação na Favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, que terminou com 28 mortos , entre eles um policial civil. Mattos afirmou que foi feita essa opção pela complexidade do caso. Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) havia suspendido as operações policias, exceto em casos excepcionais.
- Nós identificamos a necessidade de criar uma força-tarefa para esse procedimento investigativo criminal.
A operação da polícia no Jacarezinho, que teve a participação de 200 agentes, terminou com apenas seis presos e 26 armas apreendidas. Ela tomou por base um processo por associação ao tráfico da 19ª Vara Criminal. A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) teria ido à favela, com o apoio de outras unidades, para cumprir o mandado de prisão contra 21 pessoas denunciadas pelo Ministério Público do Rio (MPRJ), sob a suspeita de aliciar menores.
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Do total de 27 mortos na favela do Jacarezinho durante operação policial realizada na última quinta-feira, apenas 4 eram alvo da chamada operação Exceptios. Além disso, dois dos mortos não tinham qualquer anotação criminal, o que contradiz a Polícia Civil, que declarou na semana passada que todos morreram em confronto com os agentes de segurança e tinham antecedentes. As informações constam em um relatório sigiloso da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil, ao qual o GLOBO/Extra teve acesso, e que foi realizado três dias após a ação. De acordo com o documento, dos 27 apenas 12 tinham anotações por crimes relacionados ao tráfico.
Pelo menos 26 dos 27 mortos durante a operação já chegaram sem vida ao hospital. De acordo com informações da secretaria municipal de Saúde, só no Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, foram 20 pessoas que foram encaminhadas para o Instituto Médico Legal (IML), onde foram identificados. Outros cinco corpos foram levados ao CER Ilha. No Hospital Municipal Salgado Filho, para onde o policial André Frias foi socorrido ainda com vida, um homem também já chegou morto. Na segunda-feira, Rodrigo Mondego, procurador de Direitos Humanos da OAB Rio, declarou que o fato de já chegarem mortos ao hospital indica que as cenas de crime foram desfeitas, o que impediria a perícia nos locais com os corpos.
Em resposta ao questionamento de Mondego, e Polícia Civil afirmou, em nota, "que o fato de criminosos chegarem mortos à unidade hospitalar não quer dizer que não foram resgatados com vida. As mortes podem ter acontecido no caminho ou na entrada ao hospital". Ainda de acordo com a nota, "a perícia de local, é possível sim a realização sem os corpos".