Caso Henry: veja mudanças entre depoimento de Monique e carta escrita na cadeia

Professora e mãe do menino Henry Borel relatou agressões de Jairinho contra ela e o menino e disse ter sido ameaçada pelo vereador

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Monique Medeiros, mãe de Henry Borel

A professora e mãe do menino Henry Borel , Monique Medeiros, mudou sua versão sobre a morte do filho. A mulher admitiu ter mentido à polícia, relatou agressões do vereador e padrasto da criança, Dr. Jairinho, contra ela e Henry e disse se sentir ameaçada. As informações são do programa Fantástico , da TV Globo  e foram repercutidas pelo portal G1 .

A carta, obtida pelo programa, foi escrita na última semana e aponta ao menos cinco diferenças em relação ao que foi dito por Monique no depoimento do dia 17 de março. Em nota, o advogado de JairinhoBraz Sant'Anna, alegou que o documento é uma "peça de ficção".

Confira os cinco pontos divergentes relatados na carta:

1. Agressões de Jairinho a Henry

Depoimento: "Perguntada sobre como era o relacionamento em casa, entre ela, Jairo e Henry, Monique afirmou que era muito bom, não tendo relatado quaisquer problemas; embora o relacionamento não fosse próximo, já que se conheciam há pouco tempo, Jairo e Henry tinham boa relação, inclusive, ocasionalmente, brincando juntos; Monique não acredita que Jairinho tenha feito qualquer coisa contra seu filho, até porque a relação entre eles era boa, e ele sempre tentava cativar o amor de Henry".

Carta: "Um dia, em janeiro, Henry veio correndo até a cozinha uns 15 minutos depois que Jairinho chegou, dizendo que o tio tinha dado uma 'banda' nele e uma 'moca'. Fui até a sala perguntar o que tinha acontecido, e Jairinho disse que ele era um 'bobalhão', que segurou ele pelos braços brincando e passou a perna, mas que Henry nem caiu pois ele estava segurando-o".

2. Agressões de Jairinho a Monique

No depoimento dado no mês passado, Monique não menciona nenhum episódio de agressão de Jairinho contra ela. Já na carta, a professora relata ciúmes, tentativas de controle e dois acontecimentos envolvendo violência:

"Comecei a notar que nas minhas taças de vinho, sempre havia um 'pozinho' branco no fundo. Um dia, fui ao banheiro e, quando voltei, peguei ele macerando um comprimido dentro da minha taça, na cozinha, escondido. Perguntei a ele por que ele tinha feito aquilo e ele disse que era para eu dormir melhor. Eu comecei a brigar com ele, que não fazia sentido. E ele começou a me humilhar, dizendo que eu queria ficar acordada para falar com homem no Instagram (inventando uma história que só existia na cabeça dele), começou a me xingar. Eu fui para o meu quarto pegar minha bolsa para ir para a casa dos meus pais. Quando fui sair, ele tinha trancado as portas e escondido as chaves. Ele tomou meu celular da minha bolsa, me segurou bem forte pelos braços e me jogou no sofá, dizendo que eu não ia a lugar nenhum. Eu saí correndo para o quarto pra me trancar e ele veio correndo atrás, me pegou com mais força e me jogou na cama. Todas as vezes que eu tentava levantar, ele me empurrava com mais força, até conseguir deixar meus dois braços roxos. Comecei a chorar e implorar que me deixasse ir, foi quando ele deu uma joelhada na parede e começou a gritar dizendo que tinha sido eu. Fiquei apavorada com tamanho descontrole".

"Quando Jairinho chegou do trabalho, fui contar toda feliz da sessão da psicóloga, de como tinha sido reconfortante e que o Henry teria alta antes de mim (...). Mas Jairinho 'focou' em uma única coisa: que Leniel tinha ido junto (...). Ele começou a discutir comigo com ciúmes (...). Quanto mais eu explicava, pior estava sendo, e eu falei que iria embora de novo, que não aguentava mais tanta humilhação, e fui pegar minhas malas. Foi quando ele teve uma crise e começou a chutar minhas malas na sala, tomou minha bolsa e escondeu. Corri para o quarto de hóspedes e me tranquei lá. Ele começou a bater na porta, esmurrar a porta, gritar, xingar, até que ele arrombou a fechadura e conseguiu entrar no quarto e começou a gritar comigo, dizendo que só ia parar se eu tomasse remédio e fosse dormir no nosso quarto."

3. Dia da morte de Henry

Depoimento:  "Perguntada se tomou algum remédio, respondeu que não; perguntada se ingeriu bebida alcoólica ou se Jairo ingeriu bebida alcoólica ou alguma outra droga, respondeu que não."

Carta:  "(Jairinho) Me deu dois medicamentos que ele estava acostumado a me dar, pois dizia que eu dormia melhor, mas eu não o vi tomando. Logo, eu adormeci."

4. Momento em que Monique encontrou Henry no quarto

Depoimento: "Já por volta de 3h30, aproximadamente, Monique acordou, quando viu a TV ligada e Jairo dormindo ao seu lado; Monique, então, acordou Jairo, mexendo em seu braço, para que fossem para o quarto; Jairo, aparentemente, dormia em 'sono pesado'; Jairo se levantou e foi ao banheiro da suíte de hóspedes; Monique foi para o quarto do casal e lá já se deparou com seu filho caído ao chão; ao colocar seu filho de volta na cama, notou que ele estava com mãos e pés gelados, que não respondia aos seus chamados e que os olhos estavam revirados; Monique gritou por Jairo, que veio correndo".

Carta: "De madrugada ele me acordou, dizendo para eu ir até o quarto, que ele pegou o Henry no chão, o colocou na cama e que meu filho estava respirando mal". No quarto, ela encontrou o filho de barriga para cima, descoberto e com a boca aberta. Monique afirma que perguntou a Jairinho o que tinha ocorrido. "Ele disse que escutou um barulho que chamou sua atenção e acordou pra ver. Que Henry tinha caído da cama! Então enrolei o Henry numa manta e corremos para a emergência. (...) Mas em nenhum momento eu achava que estava carregando meu filho morto nos braços."


5. Relação do casal

Depoimento:  "Perguntada sobre como está a sua relação com Jairo, Monique respondeu que eles estão juntos e pretendem passar por isso unidos."

Carta: "Eu tentava a todo custo me afastar e me desvincular dele, mas fui diversas vezes ameaçada e minha família também".