Caso Henry: Monique dava ansiolíticos ao menino, diz empregada
REPRODUÇÃO/POLÍCIA FEDERAL
Caso Henry: Monique dava ansiolíticos ao menino, diz empregada

O depoimento da empregada doméstica que trabalhava no apartamento de Monique Medeiros e Jairo Souza, mãe e padrasto de Henry Borel, 4 anos, morto no dia 8 de março, trouxe mais detalhes da rotina de horror que a criança vivia.

A doméstica, de 57 anos, que a reportagem irá identificar pelas iniciais L.M., disse que Monique dava, três vezes ao dia, remédios para ansiedade a Henry, com o intuito de fazer a criança dormir. Além disso, relatou, na sede policial, vômitos frequentes do menino e um ataque de pânico que ele teve ao viajar no carnaval com o casal.

Henry morreu no apartamento que vivia com a mãe e o padrasto, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. De acordo com a perícia, ele foi morto após ser espancado, dentro do apartamento. O casal, que já está preso, até agora mantém a versão de acidente doméstico para as 23 lesões que causaram a morte da criança.

No depoimento, realizado ontem, e que teve duração de cerca de seis horas, na 16ªDP (Barra da Tijuca), L.M. disse que "Monique e Jairo tomavam muitos remédios, (mas) não sabia o motivo". E acrescentou: "Monique dava a ele (Henry), três vezes ao dia, remédio para ansiedade; e MONIQUE também dava um xarope de maracujá a HENRY; Que tais remédios, segundo foi narrado por MONIQUE à declarante, eram dados porque HENRY não dormia direito, passava muito tempo acordado", diz trecho do documento, ao qual O DIA teve acesso.

No apartamento do casal, a Polícia Civil encontrou várias caixas de remédios tarja preta, muitos deles ansiolíticos. Em seu depoimento na mesma delegacia, o vereador Jairinho afirmou que ele mesmo passou a se automedicar com os remédios, pois tinha insônia.

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Ainda no depoimento, a empregada também disse que Henry "chorava o tempo todo" e vomitava com frequência, mas não sabia dizer o motivo. A reportagem apura se os remédios, supostamente ingeridos pela criança, foram receitados por algum médico, sem ser o seu padrasto, principal suspeito do crime. O vereador Jairo Souza também é médico, mas com especialidade em análise de imagens.

Ataque de pânico

No novo depoimento, a empregada acrescentou que recorda do dia 12 de fevereiro, em que Henry relatou à babá, em um primeiro momento e, depois à mãe, ter sido agredido pelo padrasto, a ponto de ficar manco.
L.M. disse que estavam ela, a babá e Henry em casa, quando Jairo chegou, por volta das 15h15, naquele dia.

Nesse momento, Henry, que estava no sofá, foi correndo na direção de Jairo e lhe deu um abraço. Ela acrescentou que chegou a estranhar o comportamento de Henry, e ouviu o vereador chamar a criança ao quarto, para mostrar algo que ele havia comprado.

No quarto, com TV alta, os dois ficaram por cerca de 10 minutos. Nesse período, ela percebeu que a babá estava nervosa e perguntou o motivo. "A (babá) demonstrou preocupação com o fato de JAIRINHO estar trancado no quarto com HENRY; Que a declarante informa que perguntou à (babá) a razão de tal preocupação, sendo que (a babá) respondeu que MONIQUE não queria que eles ficassem sozinhos no quarto; Que a declarante chegou, inclusive, a recomendar que ela fosse ao quarto, diante da preocupação então manifestada".

Ela disse, então, que mesmo após o episódio relatado pela criança, Monique optou por continuar os planos de uma viagem. No mesmo dia, ela foi com Jairinho e Henry para Bangu, de onde iriam para Mangaratiba, para o feriado de carnaval. A investigação descobriu que, no dia 13 de fevereiro, um dia após essa agressão, Monique levou Henry a um hospital na Zona Oeste do Rio e disse à médica que ela havia machucado o joelho esquerdo ao cair da cama.

L.M. disse que ao telefonar no domingo, para saber quando poderia retornar ao trabalho, Monique afirmou que "quase voltou no dia anterior, ou seja, no sábado, porque "HENRY teve um surto com JAIRINHO" e que "foi a maior discussão", mas ela conseguiu acalmá-lo, portanto ficaria até a segunda-feira".
Monique e Jairo estão presos, suspeitos de homicídio pela morte de Henry. Nas mais de 20 lesões que a criança sofreu, a causa principal da morte foi hemorragia provocada por laceração hepática.

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