O porteiro Jorge José Ferreira, de 57 anos, que foi agredido pelo motoboy Marcus Vinícius Gomes Corrêa, que denunciou uma agressão em um condomínio da Barra da Tijuca , na Zona Oeste do Rio de Janeiro , morreu na noite de sábado (03).
Ele estava internado desde a noite do dia 29 de março no Hospital municipal Miguel Couto, na Gávea, mas não resistiu e faleceu na unidade, segundo confirmou a Secretaria municipal de Saúde (SMS). O porteiro trabalhava no Condomínio Torre Ernest Hemingway, na Avenida Lúcio Costa. Imagens das câmeras de segurança do circuito interno revelaram que o motoboy também agrediu o porteiro após ser barrado e ser contido por seguranças do local, que também bateram nele, segundo a sua denúncia nas redes sociais.
Nas imagens, é possível ver o momento em que o porteiro entra na guarita e sai com um objeto na mão e chega a atingir o motoboy nas pernas. Em seguida, Côrrea pega o objeto e passa então a bater no porteiro, inclusive em sua cabeça, até que ele cai no chão e é socorrido por outro funcionário do condomínio.
Na semana passada, o advogado do condomínio, Bernardo Villas Boas Palermo, afirmou que o porteiro precisou passar por uma cirurgia durante a semana. Ele afirmou ainda que o porteiro teria levado três socos do entregador durante uma discussão, e pegou o objeto - um guidão de bicicleta - para tentar se proteger.
"Marcus Vinicius, por ter praticamente a metade da idade do Sr. Jorge, toma dele o guidão e desfere nele sete golpes na direção da cabeça. A agressão só para quando o Sr. Jorge está caído no chão, ensanguentado, e aparece outro porteiro", diz trecho da nota.
O porteiro não chegou a depor na polícia porque passou mal e foi levado pela Polícia Militar ao Hospital municipal Lourenço Jorge, onde deu entrada às 23h30, do dia 29/03/2021. No entanto, em razão da gravidade das lesões sofridas, ele foi transferido ao Hospital municipal Miguel Couto, onde deu entrada às 10h da manhã do dia seguinte, na terça-feira, dia 30. De acordo com informações do hospital, o porteiro apresentou “múltiplos focos de hemorragia” na cabeça, tendo “piora clínica e foi necessária uma cirurgia para descompressão craniana".
Entenda o caso
Na noite da segunda-feira, Marcus Vinícius Gomes Corrêa contou que, na hora de deixar o edifício, se confundiu e acabou usando a portaria social. Logo depois, segundo ele, um porteiro se aproximou e começou a agredi-lo . Ele publicou um vídeo em que aparece deitado, dizendo: "o cara não quer me soltar, estou imobilizado. O cara nem policial é. Quatro porteiros e um policial morador vieram me agredir". Ele registrou uma queixa na 16ªDP (Barra).
"Como você viu nas imagens, eu fui agredido por um porteiro porque saí pela portaria social. Eu subi, num prédio redondo, procurei a saída. Me perdi, porque cada elevador te leva a um andar. Aí na hora de sair, eu me perdi porque saí pela saída mais próxima. Aí ele veio me empurrando, dizendo que eu não poderia sair por ali, que eu era motoboy, que eu tinha que sair pelos fundos. Me humilhando, como se eu fosse uma escória, um resto, um lixo. Eu falei: "meu amigo, não é assim que se fala com as pessoas. Eu estou perdido. Não trabalho aqui, não moro aqui. Só quero sair", contou ele.
De acordo com Marcus Vinícius, o comportamento do porteiro foi arrogante. O motoboy relatou que, após dizer que sairia pela portaria social porque já se encontrava no local, começaram as agressões físicas:
"Pegou uma barra de ferro e começou a me acertar nos braços, na cabeça, no rosto. E dali a pouco juntaram todos os porteiros para me agredir. Quatro homens me agredindo. Eu caído no chão e eles me chutando".
Ele disse que, logo em seguida, chegou um morador que se apresentou como policial.