Na segunda-feira (22), a enfermeira Shimene Dias testemunhou dois assaltos de homens que buscavam as doses da vacina contra a Covid-19 , na Unidade Básica de Saúde (UBS), na Vila da Ponte Preta, em Natal . As informações foram apuradas pela Revista Época.
A segunda investida dos criminosos ocorreu de forma grave. A enfermeira e um colega foram r endidos pelos homens armados , que levaram cerca de 20 doses da vacina CoronaVac. Os dois suspeitos foram apreendidos, mas as doses dos imunizantes não foram encontradas.
“Foi bem caótico, foram momentos de terror. Eles colocaram arma na nossa cabeça e perguntaram sobre as vacinas. Foram momentos de pânico porque eles eram super agressivos. Eles batiam em todas as portas, queriam entrar em todas as salas. Eu estou exausta física e mentalmente. Estou há um ano nessa saga. Além do risco de ser infectada e da falta de insumo, ainda estamos sujeitos a assaltos porque não temos segurança”, contou a enfermeira.
Segundo os relatos de Shimene, um dos fatores que mais a preocupava era a demora para agir dos agentes da segurança pública de Natal. Ainda na segunda (22), por volta das 07h30, horas antes do acontecimento, os três homens passaram pela USB e fizeram a primeira tentativa de assalto.
“Uma enfermeira parou o carro de manhã em frente à unidade para descarregar água sanitária, kit higiene e outras coisas que distribuímos para a população. Aí um carro parou atrás e um cara encapuzado saiu apontando a arma para a cabeça dessa funcionária. Ela explicou que o descarregamento não era de vacina e que a unidade não tinha vacina. Tinha muita gente na hora, cerca de 50 pessoas. Todo mundo começou a correr, a gritar e os assaltantes foram embora por causa do tumulto”, declarou Shimene.
Depois da primeira tentativa de roubo, a unidade entrou em contato com a polícia e a com a Secretaria de Saúde, pediu para que o envio de novas doses fosse suspenso até que a situação fosse regularizada e por uma maior garantia de segurança.
Naquela manhã, cerca de quatro ampolas da vacina CoronaVac , com capacidade de 10 doses cada foram enviadas para UBS para que fosse aplicada na população. Porém, horas depois, os criminosos chegaram e levaram duas das quatro ampolas que não foram utilizadas.
“Eles são bem instruídos sobre armazenamento. Tiveram cuidado e levaram as vacinas nas caixas térmicas. Agora fica o trauma e temos de aprender a lidar com isso. É uma situação caótica. Fomos desrespeitados como servidores porque o nosso pedido não foi aceito. Eles (Secretaria de Saúde e Segurança Pública) nos colocaram em risco. E o trauma fica. Eu fico com medo de voltar a trabalhar”, ressaltou.
O estado do Rio Grande do Norte passa por um momento conturbado em relação ao enfrentamento a Covid-19. Na segunda-feira (22), a Secretaria de Saúde divulgou que a taxa de morte no local chegou a 4.168 pessoas pelo novo coronavírus. A taxa de ocupação chegou em 91,3% na rede pública e 100% na rede privada.