Dois professores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) foram punidos pela Controladoria-Geral da União (CGU) com uma advertência oficial por terem criticado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) . A punição foi publicada no Diário Oficial desta terça-feira (02), mas repercutiu nesta quarta (03) nas redes sociais. As informações são da agência de notícias Reuters .
As punições, do ex-reitor e coordenador da pesquisa nacional EpiCovid, Pedro Hallal, e do professor Eraldo dos Santos Pinheiro, pro-reitor da instituição, foram publicadas sem maiores detalhes. Elas apenas indicavam que ocorriam por "proferir manifestação desrespeitosa e de desapreço direcionada ao Presidente da República" e que isso teria sido feito "durante transmissão ao vivo de Live nos canais oficiais do Youtube e do Facebook da Instituição", no início de janeiro.
De acordo com a CGU, a live nas redes sociais da instituição "se configura como 'local de trabalho' por ser um meio digital de comunicação online disponibilizado pela Universidade".
Transmissão ao vivo
A fala dos professores aconteceu no dia 07 de janeiro, durante uma live realizada para encerrar o mandato de Hallal à frente da UFPel. Assim como aconteceu em outras universidades federais, Bolsonaro não seguiu a praxe de escolher o docente com maior votação pela comunidade universitária.
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Sabendo da tendência de Bolsonaro
de não indicar o mais votado nas eleições internas, a universidade fez uma lista tríplice com os três integrantes da chapa vencedora: Paulo Roberto Ferreira Júnior, candidato a reitor, Isabela Andrade e Eraldo Pinheiro, todos os três da mesma chapa. Isabela foi escolhida como reitora.
Durante a live, Hallal afirmou que Bolsonaro tentou "dar um golpe na UFPel", que o presidente era um "defensor de torturador" e o "único chefe de Estado do mundo que não defende a vacinação" contra a Covid-19. "Nós nunca nos curvamos ao presidente da República e não nos curvaremos mais uma vez", disse.
Eraldo Pinheiro, por sua vez, chamou o presidente de "sujeito machista, homofóbico, genocida, que exalta torturadores e milicianos".
A Reuters procurou os professores, a universidade e a Controladoria-Geral da União para mais explicações, mas ainda não obteve respostas.