Quando o brasileiro
acordar neste domingo (28), poderá olhar para o céu e se orgulhar
. Mesmo sem conseguir ver, é lá que estará o primeiro satélite
fabricado no país: o “
Amazônia-1
”. O lançamento está marcado para a madrugada - 01h54 (horário de Brasília) - direto da Agência Espacial
em Sriharikota, na Índia.
O “Amazônia-1” é um marco. E o nome não é por acaso. Trata-se do primeiro satélite de mapeamento projetado e construído no Brasil . O lançamento é parte da Missão Amazônia que, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) vai monitorar áreas desmatadas, agrícolas, além de desastres ambientais.
A Agência Espacial Brasileira já participou de outros lançamentos anteriores, mas sempre em parceria com outros países. Nos últimos anos, a China foi o maior parceiro brasileiro na sua expansão espacial. É o que explica Lucas Fonseca, engenheiro aeroespacial formado na Universidade de Supaero, na França : “É a chamada família CBERS – programa de cooperação técnológica Sino-Brasileiro. E, atualmente, temos dois deles voando, por isso o Amazônia-1 é um satélite complementar aos que já estão no espaço”.
Na contramão dos avanços mundiais, a estrutura do Amazônia-1 tem um peso de 700 kg . O suficiente para ser considerado um projeto de ‘ médio porte ’. Satélites mais avançados hoje, como o Dove , da empresa Planet, oferecem mais por menos. O objeto cabe na mão, pesa apenas quatro quilos e possui uma captação de imagem de quatro a cinco metros de resolução . Uma área menor e que, portanto, permite uma imagem mais nítida em comparação aos 60 metros do projeto brasileiro. Sua taxa de revisitação é de cinco dias. Ou seja, a cada 72 horas o satélite fotografa todos os pontos do planeta Terra .
Uma vez no espaço, sua função é produzir a captação de imagens que auxiliem na inteligência e no combate ao desmatamento . Além disso, o Amazônia-1 tem como ‘missão secundária’ a obtenção de imagens da costa brasileira – para a área de segurança – e do setor agrícola brasileiro. “O satélite consegue enxergar faixas na frequência de luz e as câmeras do Amazônia-1 enxergam 4 faixas diferentes. Ou seja, cada uma destas faixas te possibilitam uma melhor análise de um estudo específico. Se preciso investigar um vetor de infestação de pestes no campo, existe uma faixa de luz que é mais adequada para realizar este estudo .”
Você viu?
O custo total do projeto, que já mais de duas décadas, chegou em R$ 270 milhões sem considerar o salário dos servidores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ( INPE ). Considerado “um absurdo” por Lucas, já que o atraso nos projetos também encarecem o investimento. Diminuição vertiginosa de verbas governamentais, manutenção da equipe , falta de estrutura adequada e obsolecência das peças que precisam ser trocadas são as principais causas do alto valor pago pelo governo brasileiro .
Vida útil: quatro anos
Mesmo não sendo uma referência no mercado aeroespacial , já que há outras empresas que disponibilizam de satélites e inteligências no setor de mapeamento – como a NASA – o lançamento é uma busca do Brasil por relevância , soberania aeroespacial e acesso a dados sem depender de um parceiro. O Amazônia-1 sequer partiu e já tem data para acabar , já que sua vida útil é de quatro anos .
O calendário completo da missão prevê o lançamento de mais dois satélites : o Amazônia-1B e o Amazônia-2. Lucas, porém, está descrente quanto a continuidade do projeto nos próximos anos: “a tendência são os programas ficarem mais fáceis e baratos , mas se não houver o mínimo de recurso necessário voce não consegue fazer, e com atual cenário de cortes de verbas eu sou cético em acreditar que veremos mais dois Amazônias voando nos próximos anos.”
Para você acompanhar
O lançamento será transmitido ao vivo pela Agência Brasil e pela TV Brasil .