ONU defende que Brasil e Índia devem receber autorização para produzir a vacina
Secretário-geral da organização apela para que a vacina e sua produção não fiquem restritos somente aos países ricos
Antonio Guterres, secretário-geral da ONU , fez um apelo para que as empresas farmacêuticas com a licença de produzir as vacinas contra a covid-19 concedam uma permissão para que Brasil e Índia possam produzir doses dos imunizantes do novo coronavírus . As informações foram apuradas pelo Jamil Chade, colunista da Uol.
Durante o Fórum Econômico Mundial, que acontece esse ano de maneira virtual, Guterres reiterou que é de extrema importância que as vacinas não fiquem apenas pelos países ricos. Porém ressalta que, enquanto a produção das doses ficar restrita somente nesses locais, a fabricação e distribuição não acontecem de forma igualitária.
Para que isso não ocorra, certos acordos e patentes deveriam ser quebrados para que outros países com capacidade e estruturas para elaborar o imunizante recebem a liberação necessária para sua produção. Segundo o chefe da diplomacia da ONU, Brasil e Índia tem uma “enorme capacidade” de produção.
Nesta segunda (25), fabricantes da vacina registraram suas patentes, mostrando que não estão dispostos a ceder tão facilmente em liberar a produção em larga escala. Tal atitude, dificulta que outros laboratórios possam produzir genéricos da vacina .
"Precisamos de vacinas para todos. Em um tempo recorde, a ciência produziu vacinas. Mas o desafio é fazer uma maior distribuição. Essa será a forma mais rápida para reabrir a economia mundial. Mas essas vacinas chegam rapidamente aos países ricos, e nada aos pobres. Se eles (países ricos) acham que vão estar seguros, estão enganados", disse o chefe da ONU.
Guterres ainda declara sobre a importância de o mundo produzir e distribuir os imunizantes o quanto antes, para que mutações do vírus não sejam uma nova realidade a ser enfrentada pela população mundial. "Há um risco real de mutação. Precisamos agir rapidamente", disse.
O Brasil sempre se destacou como um dos líderes a buscar novas formas de garantir que a população mundial receba medicamentos. Quando foi preciso, o país quebrou patentes e faz acordos com empresas farmacêuticas mundiais para conseguir uma maior produção. Uma postura contrária mostrada no enfrentamento a pandemia da covid-19.
Na OMC, o Brasil fez parte de um grupo que foi contra a uma proposta da Índia em suspender todas as patentes de vacinas até o final da pandemia. Assim, ajudaria países que apresentam a estrutura necessária de ajudar na fabricação das vacinas. Entre os emergentes, apenas o Brasil foram contra o plano.
Com a chegada de doses da vacina vindas da Índia, no final da semana passada, o governo de Nova Déli declarou que foi justamente o veto do plano de ação proposto pelo país que impediu a produção em larga escala do imunizante.