Desaparecimento de Baixada Fluminense, no RJ completa 17 dias
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Desaparecimento de Baixada Fluminense, no RJ completa 17 dias

Há 17 dias, as famílias de três meninos desaparecidos — os primos Lucas, de 8 anos, Alexandre, de 10, e Fernando, de 11 — percorrem o estado em busca de pistas que levem às crianças, que saíram para jogar futebol perto de casa, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro e não foram mais vistas. Foram inúmeros telefonemas com informações, todas falsas.

Nesta segunda (11), outro boato quase termina em tragédia. Um vizinho — que tinha em seu celular imagens de pornografia infantil envolvendo seus enteados — foi espancado e levado para a delegacia, sob a acusação de ter sumido com os três meninos.

Parentes e amigos iniciaram, então, uma vigília na porta da Delegacia de Homicídios da Baixada (DHBF), cobrando uma resposta para a investigação. No início da tarde de ontem, a situação saiu de controle, e um ônibus foi incendiado a 150 metros da unidade policial. A rua da delegacia foi fechada por lixeiras e pedaços de madeira. Policiais militares foram chamados e conseguiram dispersar o grupo.

Depois da depredação, agentes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) reforçaram a segurança da delegacia. Havia o temor de invasão da unidade para tentar linchar o suspeito. Com sinais de agressão, ele foi deixado na delegacia de Belford Roxo, ao lado da DHBF. O homem estava com as mãos amarradas para trás e tinha um cartaz preso ao corpo com os dizeres: “Suspeito do desaparecimento das 3 crianças pego por moradores do Castelar” — nome da localidade onde moram as famílias das vítimas.

A polícia ouviu o homem e descobriu que ele não tinha envolvimento com o desaparecimento dos primos. O delegado titular da Homicídios da Baixada, Uriel Alcântara, determinou buscas em dois endereços ligados ao suspeito. No fim da tarde, cerca de 20 policiais em seis viaturas foram ao bairro Hiterland, em Belford Roxo, mas, apesar de terem feito escavações num dos terrenos, nada foi encontrado.

Mas o caso trouxe à tona outra violência brutal contra dois meninos e um adolescente, enteados do suspeito. Ele aparece num vídeo em que seus enteados estão sem roupas e, às vezes, em cenas obscenas. A mãe da criança também foi filmada rindo. O casal disse, na delegacia, que se tratava de uma brincadeira com os filhos.

A alegação não convenceu o delegado, que atuou o homem em flagrante por armazenar fotografia e vídeo pornográfico envolvendo menores , crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O Conselho Tutelar da Baixada levou as duas crianças e o adolescente para um abrigo.

Avó tem esperança

Parentes dos três meninos contaram que chegaram ao homem quando souberam que ele havia dito que ficaria rico, pois seu “santo” pediu três pessoas e que já sabia quem seriam. O enteado dele teria espalhado que os desaparecidos tinham sido executados pela milícia de Belford Roxo. O fato chamou atenção das famílias, que decidiram fazer justiça com as próprias mãos.

Durante a confusão na porta da delegacia, Silvia Regina da Silva, de 58 anos, avó de Lucas e Alexandre, era a imagem da tristeza. Apesar do cansaço, ela não perde a esperança de encontrá-los com vida.

"Estou sem comer e dormir direito desde que eles desapareceram. Parece um pesadelo. Tenho certeza que eles devem estar em algum lugar precisando de socorro. Eles eram crianças do bem, alegres. Se fizeram algo com eles, é muita maldade", comentou a avó que tem ido praticamente todos os dias na delegacia.

A polícia ainda não tem pistas do paradeiro das crianças . O primeiro depoimento sobre o caso só foi formalizado uma semana depois do sumiço. O secretário de Polícia Civil , Allan Turnowski, no entanto, nega que as investigações tenham começado tarde:

"O fato de a data do primeiro depoimento ter ocorrido sete dias depois do desaparecimento não quer dizer que houve demora. A Polícia Civil ouviu os parentes de imediato, fez várias buscas pelas crianças a partir dos dados que foram fornecidos. Até uma grande operação no morro fizemos. Estamos empenhados em encontrá-las", declarou Turnowski.

O delegado Uriel informou que será instaurado um procedimento para investigar se o homem levado para a delegacia foi torturado. Ele tinha, diz, hematomas pelo corpo.

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