A cientista política Ilona Szabó, do Instituto Igarapé, disse no Roda Viva desta segunda-feira (11) que o racismo estrutural precisa ser debatido com veemência porque tem "dilacerado nossa sociedade".
"É algo que tem dilacerado nossa sociedade, porque se a gente não enxergar o racismo estrutural e as consequências... Você falou de assassinato, mas se vermos a população prisional, policiais mortos, o percentual de negros em todas estatísticas é enorme, pessoas mortas por policiais, por homicídios ou que estão presas. Não tem como ter essa conversa com uma centralidade, inclusive pensando em reparação e em como a gente, como sociedade, muda isso."
Ilona questionou, também, se policiais, muitas vezes responsáveis por mortes relacionadas ao racismo, se reconhecem em questões raciais. "Será que existe esse espaço de reconhecimento de policiais negros, de que há algo de muito errado nessa política de confronto? Será que se reconhecem dessa forma?", indagou.
Ela sugeriu que os movimentos negros se aproximem de policiais negros, e afirmou que questões de saúde mental contribuem para que agentes da polícia utilizem a força de forma abusiva.
"Seria muito poderoso esse encontro. Os policiais precisam de apoio, a questão de saúde mental dos policiais é gravíssima e contribuiu para o uso excessivo da força, além de todas as máximas de que bandido bom é bandido morto, estereótipos equivocados e racistas. Tem uma questão de desvalorização e desumanização. Quer dizer: policiais são [tratados como] super-heróis e não precisam de cuidado. Tem muitas facetas."