Em 2020, RJ viveu sobre influência de milícias e em fortes confrontos policiais

População carioca chama a atenção pelo alto número de crianças mortas em confrontos policiais e o poder de milicianos em bairros da cidade

Foto: Arte/iG
retrospectiva 2020

Em um ano atípico, o Brasil continua aprimorando seus altos índices de violência na sociedade. No ano de 2020, em plena pandemia do novo coronavírus, a população teve que lidar com casos chocantes envolvendo altos números de mortes de crianças em  intervenções policiais e generalização do  crime organizado com milícias atuando fortemente em algumas regiões do país.

O cotidiano da população brasileira é conhecida pelo seu alto índice de violência. Uma das opções dos estados para combater esse alto indicie são as operações policiais nas favelas, com intuito de apreender e livrar a população desses grupos que os coloca em risco. A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, chama a atenção para casos de confrontos policiais. No ano de 2020, a cidade maravilhosa teve um total de 12 crianças que morreram baleadas durante confrontos de agentes do Estado.

Um caso marcante foi o do menino João Pedro Mattos , morto aos 14 anos dentro de casa por uma bala perdida em uma operação conjunta da Polícia Federal e Civil, no morro do Salgueiro, em São Gonçalo, município do Rio. A bala atravessou a parede da casa em que o jovem estava com seus amigos, atingindo-o na barriga.

A família passou a noite interira a procura do rapaz em hospitais locais e foram descobrir somente 17 horas depois do ocorrido que o rapaz se encontrava no IML do Tribobó, bairro vizinho de onde João e sua família moravam.

Porém, tal conduta da polícia e a falta de justiça nesses casos não é novidade para os moradores de periferias do Rio de Janeiro. Dos 12 casos de crianças que perderam suas vidas durante esses confrontos, somente um inquérito foi concluído, que foi o caso do menino Douglas Enzo , de 4 anos, morto durante sua festa de aniversário. E somente porque o atirador foi preso em flagrante.

De acordo com os dados do 14º Anuário Brasileiro de Segurança Publica, em comparações com dados de 2019, o Brasil teve aproximadamente 5 mil mortes violentas de crianças e adolescentes e 75% eram pretos.

Devido a pandemia da covid-19, o Supremo Tribunal Federal lançou um decreto que restringia operações policiais em favelas durante o isolamento social , medida que não vem sendo respeitada pelos policiais. Tal desobediência causou a morte das primas Rebeca e Emily, que brincaram no portão de casa que do foram baleadas durante uma operação policial no início neste mês.

No ano de 2020, ano de eleições municipais, os milicianos despertaram pelo número de candidaturas a cargos políticos . Sabe-se que esse grupo exerce influência em estados como Sudeste, Sul, Norte e Nordeste do país.

Porém, o estado do Rio de Janeiro é um dos territórios brasileiros mais habituados por milicianos. Esse grupo, formado geralmente por paramilitares, como policiais militares e civis e bombeiros, tem como “ideologia” um discurso de combatentes do tráfico de drogas e defensores do direito dos trabalhadores.

O interesse desse grupo em conquistar cargos públicos para aumentar sua influência em bairros já dominados por eles aumentou na época das eleições. Tirando vantagem da sensação de insegurança da população, os milicianos tomam poder de todos os serviços essenciais daquele povo. Indo desde do transporte, serviço de gás e TV a cabo, loteamento, construção e revenda irregular de imóveis, grilagem e entre outros.

De acordo com dados apurados pelo Disque Denuncia em época de campanha eleitoral deste ano, entre os meses de setembro até outubro, o bairro da Baixada Fluminense são os recordistas de denúncias. Neste ano, aproximadamente 12 candidatos que concorreram a cargos públicos, tem envolvimento com milícia ou grupos de extermínio, segundo levantamento do GLOBO.

Tal cenário mostra a realidade do povo carioca que está atrelado a um sistema fortemente implantado na Baixada Fluminense, Zona Oeste do Rio, um poder implantado pelos milicianos, em que envolveram a população em uma situação de dependência. Em uma pesquisa feita pela Universidade Federal Fluminense em conjunto com a Universidade de São Paulo mostra um levantando feito do ano de 2008 até 2020, nele mostra que um a cada três moradores cariocas vivem em territórios dominados por milicianos.

Através do estudo desenvolvido pela Rede Fluminense de Pesquisas sobre Violência, Segurança Publica e Direitos Humanos, um alerta é destacado para a relação de poder que esse grupo estava criando sobre prefeituras e casas legislativas no estado. E consequentemente, suas influências se expandem para outros setores de autoridade e assim, espaçando das consequências.

Em nota, à Polícia Milita declarou que atua em conjunto com a Polícia Civil e o Ministério Público para acabar com a influência exercida por essas facções no Rio . E que quando algum policial está envolvido em investigações por compactuar com milicianos, a Corregedoria da Corporação é acionada para atuar, investigar e punir os responsáveis.