Após sinalizar contra uma eventual candidatura do Planalto ao comando do Senado, o atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP) , deve se reunir com o presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (09) no Palácio do Planalto. Enquanto isso, Alcolumbre tenta articular um bloco que faça frente ao MDB na disputa, que tem como cotados os líderes do governo Eduardo Gomes (TO) e Fernando Bezerra (PE).
Antes do encontro com Bolsonaro, Alcolumbre verifica a viabilidade de sucessores que possam ser eventualmente apoiados por ele. Um deles é o do vice-presidente da Casa, Antonio Anastasia (PSD-MG), que ainda avalia se está disposto a pleitear o posto. O PSD também está buscando outras legendas, como PP e DEM, para a formação de um bloco mais consistente.
Diante da derrota no Supremo Tribunal Federal (STF), que barrou a sua reeleição , a ideia de Alcolumbre é manter o protagonismo ao menos no processo de sucessão. Bolsonaro, por sua vez, tem discutido a mudança no comando do Senado e da Câmara com aliados. Na segunda-feira, ele esteve com o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), e o deputado Arthur Lira (AL).
Embora não seja considerado governista, Anastasia tem proximidade com ministros do governo, como Paulo Guedes (Economia) e Tereza Cristina (Agricultura). Além disso, é visto como alguém de perfil conciliador e nunca protagonizou embates com o Planalto. Também agrada parte da oposição e integrantes do grupo Muda Senado - o último vai se reunir na quinta-feira para discutir candidaturas.
De acordo com um parlamentar, Anastasia é atualmente o nome mais forte do PSD, que possui a segunda maior bancada da Casa, com 12 senadores. Integrantes da sigla admitem que estão articulando internamente e com outros partidos, mas de forma cautelosa. Segundo um dirigente da legenda, é preciso analisar a situação "com cuidado".
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Outros nomes do PSD que estão sendo colocados como possíveis candidatos pela legenda são Otto Alencar (BA), da oposição, e Nelsinho Trad (PSD), aliado de Bolsonaro.
Alencar disse que o PSD tem como prioridade uma candidatura própria , mas, independente do que aconteça, a bancada tem compromisso de permanecer unida. Também defendeu a tradição de Alcolumbre, como atual presidente, coordenar a sua sucessão.
"Alcolumbre pode convidar partidos, sejam eles do governo ou não, para começar a ver como se pode fazer um entendimento sem confronto, sem disputa. Sou a fazer do entendimento", afirmou Alencar.
O sentimento no Senado atualmente é de tentar evitar
o que ocorreu na última eleição, que culminou na vitória de Alcolumbre e foi considerada "traumática" por muitos. Na época, o então candidato Renan Calheiros (MDB-AL) renunciou à candidatura durante o processo de votação.
Por possuir a maior bancada, com 13 senadores, o MDB tenta resgatar a tese de que tem a prioridade na disputa, como acontecia em anos anteriores. Além de Eduardo Gomes (TO) e Fernando Bezerra (PE), o líder da sigla no Senado, Eduardo Braga (AM), tem se colocado como eventual candidato.
Apesar de ser próximo ao presidente Jair Bolsonaro, Braga tem defendido que não seria um candidato governista a fim de atrair votos dos independentes e da oposição. A senadora Simone Tebet é outra candidata do MDB que pleiteia a vaga nos bastidores, mas corre por fora.
Como a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que barrou a reeleição de Alcolumbre pegou a maioria dos senadores de surpresa, ainda é cedo para cravar quem serão de fato os candidatos. Os interessados na presidência da Casa começaram a se articular somente agora, a menos de dois meses do pleito. Um dos parlamentares que ainda cogita entrar na disputa é o senador Alvaro Dias (PR), líder do Podemos.