Em mensagem, funcionária pediu que novos pacientes não fossem mais transferidos
Divulgação / Prefeitura do Rio
Em mensagem, funcionária pediu que novos pacientes não fossem mais transferidos

Um e-mail enviado pela equipe do Hospital de Campanha do Riocentro, único em funcionamento no Rio , para as centrais de regulação de vagas da capital e da Região Metropolitana mostra que nem mesmo a unidade referência no combate à Covid-19 está livre da superlotação. Na mensagem, que era quase um desabafo, uma funcionária do hospital pede para que não transfiram mais pacientes graves já que o CTI estava com 67 pacientes, a lotação máxima, mesmo com a abertura de outros 12 em leitos extras.

No e-mail, a servidora ainda faz um alerta de que não há vagas disponíveis em terapia intensiva nem para os 37 pacientes regulados, que estavam a caminho. Ou seja, se piorassem, a unidade não teria como lhes oferecer o tratamento adequado. Em outro email que circula nas unidades de emergência, há outro pedido para não transferir pacientes graves.

“Reforcem com suas lideranças e plantonistas quanto ao preenchimento adequado dos laudos dos pacientes SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) para remoção. Estamos com pacientes regulados como enfermaria que estão chegando ao Hospital de Campanha com quadro clínico de UTI. Já abrimos mais 23 leitos de UTI na unidade e não temos, nesse momento, como abrir no local leitos de terapia intensiva”, diz o comunicado.

Com superlotação em toda a rede SUS , inclusive UPAs e Centros de Emergência Regionais, o Rio enfrenta uma alta nos casos de coronavírus e de mortes. Ontem, o Estado registrou 54 óbitos e 1.324 novos casos de Covid-19. Em comparação com duas semanas atrás, a média móvel de casos se mantém estável, mas há aumento de 35% na média móvel de mortes, que cresce pelo 11º dia seguido.

A análise dos dados foi feita a partir do levantamento do consórcio de veículos de imprensa. Na capital, a pressão continua grande, e há fila de pacientes que disputam leitos de UTI na rede SUS, que tinha ontem taxa de ocupação de 92%. Em uma semana, o total de pessoas à espera de vagas de terapia intensiva aumentou 140%.

Em nota, a prefeitura afirma que os e-mails são uma comunicação de rotina entre o Hospital de Campanha e o setor de regulação. O município pediu para que o governo do estado formalizasse “com urgência, a proposta de cofinanciamento para aquisição de insumos e contratação de recursos humanos” para abrir novos leitos.

Quando a curva da pandemia subiu, o prefeito Marcelo Crivella prometeu que não mais fecharia o Hospital de Campanha em dezembro, como chegou a anunciar, e garantiu que a unidade ficaria aberta enquanto houvesse pacientes. Procurado, o estado diz que fez contato com a prefeitura para assumir a unidade, mas negou ter prometido financiar insumos e contratar pessoal.

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