A Justiça tornou réu o pai de santo conhecido como Pai Guimarães de Ogum, pela acusação de estupro. Ele teria cometido o crime com quatro fiéis durante supostas sessões espirituais, entre 2011 e 2016, em São Paulo.
Na sentença, a juíza Manoela Assef Silva aceitou parcialmente a denúncia do Ministério Público (MP), que, em setembro deste ano, acusou o pai de santo por sete estupros de vulneráveis contra mulheres e até adolescentes. A Promotoria ainda pedia a prisão preventiva dele, porém, não teve o pedido atentido.
A magistrada Manoela Assef Silva entendeu, no entanto, que há indícios de que Pai Guimarães de Ogum tenha cometido estupro de vulnerável contra quatro das vítimas. Mas encaminhou as outras duas denúncias de estupro a uma vara diferente, porque a 16ª Vara só atua em casos de crimes sexuais contra vulneráveis.
Segundo a acusação do MP, as vítimas contaram que o pai de santo se valia da sua posição de sacerdote espiritual para cometer os abusos sexuais.
O acusado sempre negou os crimes.
Pai Guimarães de Ogum tem 56 anos e atua na Umbanda, religião brasileira de matriz africana. Ele comanda um templo na Zona Sul da capital paulista.
Segundo o MP, no local aconteceu a maioria dos abusos contra as sete vítimas, entre os anos de 2010 e 2019. Duas delas eram menores de 14 anos na época. As outras cinco já tinham 18 anos ou mais.
O pai de santo era presidente municipal do Partido da Mulher Brasileira (PMB). Após ter conhecimento das denúncias contra por crimes sexuais, a sigla informou que decidiu afastá-lo em definitivo.
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Relatos
Ao G1, algumas vítimas falaram sobre como foram os abusos. As mulheres disseram que o pai de santo exercia domínio psicológico, deixando-as vulneráveis a ponto de se sentirem obrigadas a manter relações sexuais com ele.
"Ele se aproveitou de mim como se aproveitou de todas nós”, disse uma das vítimas, que não quis se identificar.
Outra vítima relatou como foi o abuso: "Quando foi no terceiro trabalho foi que ele (Pai Guimarães de Ogum) disse que eu precisaria ter relação sexual. Ele dizia que meu companheiro já tinha perdido o encanto e não queria mais nada comigo e que, se eu não permitisse o trabalho, o fim do meu casamento estava muito próximo, e que em seguida seria o meu fim, que eu me mataria".