Baleada na Maré, grávida juntava dinheiro para fazer exame e saber sexo do bebê

"Não deu tempo de saber se seria menino ou menina", lamentou o pai de Maiara Oliveira da Silva

Maiara Oliveira da Silva, de 20 anos, foi baleada na manhã desta terça-feira (28)
Foto: Reprodução
Maiara Oliveira da Silva, de 20 anos, foi baleada na manhã desta terça-feira (28)

A tragédia urbana do Rio de Janeiro fez mais uma vítima inocente nesta quarta-feira (28). O bebê que Maiara Oliveira da Silva esperava não resistiu ao tiro que atingiu a gestante durante uma operação policial no Complexo da Maré , na Zona Norte da cidade, nesta terça-feira, dia 27. Agora a jovem de 20 anos luta pela vida, sem saber que o sonho da maternidade foi interrompido de maneira tão brutal . A ansiedade pela chegada do bebê era grande entre os parentes de Maiara, que contavam os dias para descobrir o sexo da criança e estavam se organizando para custear o exame, na virada do mês.

"Ela estava feliz da vida. Não só ela, como eu e a família toda. Meu netinho ia morar comigo. As primas dela estavam doidas pra saber se era menino ou menina e falaram que iriam pagar a ultra pra ela fazer o ultrassom na semana que vem. Não deu tempo", conta o conferente Alberon Sales da Silva, de 48 anos, pai de Maiara.

A expectativa pela chegada do novo membro da família, no entanto, virou luto e preocupação. Atingida na barriga, Maiara foi levada para o Hospital Evandro Freire, na Ilha do Governador. Segundo informações da Secretaria municipal de Saúde, Maiara Oliveira da Silva segue em estado grave no CTI.

"Ela está sedada, não sabe que o bebê morreu. Foi entubada e está respirando com ajuda de aparelhos, mas está respirando. Ela muito é forte", afirma o pai da jovem.

Conflito de versões

A família de Maiara e a Polícia Civil apresentaram versões divergentes da sequência de acontecidmentos da tarde de terça-feira, quando a gestante foi baleada. Segundo Alberon Sales da Silva, pai da jovem, não havia confronto na Nova Holanda no momento em que a filha foi atingida .

Ele também questionou o fato de a polícia não ter utilizado um veículo da corporação no socorro : "saí em desespero. Vi o táxi, que tinha acabado de deixar um passageiro, e pedi para o motorista ajudar".

Ao Extra, o coordenador da Core, delegado Fabricio Oliveira, explicou que após a operação, houve uma emboscada a policiais que se preparavam para deixar a comunidade. Ao saberem que uma moradora havia sido baleada, dois agentes prestaram socorro e depois acompanharam a vítima até o hospital. Segundo a polícia , um táxi auxiliou no socorro porque no local só havia blindados, que são veículos lentos, e a situação era urgente.