Em mais uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, voltou a defender as ações do governo federal na Amazônia. Ele disse que a atual gestão recebeu os órgãos ambientais com déficit de pessoal e execução orçamentária baixa, e defendeu um papel maior do setor privado para preservar a floresta.
Salles participou de audiência pública convocada pela ministra Rosa Weber.
Ela é a relatora de uma ação apresentada por quatro partidos de oposição — PSB, PSOL, PT e Rede Sustentabilidade — que acusam o governo de omissão na aplicação de recursos do Fundo Amazônia,
que financia ações de conservação na região. A maior parte do dinheiro vem dos governos da Noruega e da Alemanha.
Segundo Salles, o relatório de prestação de contas do fundo mostra que, em todos os anos de existência, nenhum empreendedor privado recebeu recursos.
"O governo brasileiro gostaria de alterar alguns parâmetros de destinação desses recursos, de tal sorte que nós pudéssemos contemplar o pequeno empreendedor, médios empreendedores, aqueles que pudessem gerar o dinamismo econômico, o emprego e a renda e a prosperidade ligados à questão da biodiversidade da floresta, biodiversidade da Amazônia", disse Salles.
Depois acrescentou: "Para ter bioeconomia é preciso ter setor privado na Amazônia. É preciso aprovar e apoiar pequenos empreendedores, médios empreendedores e até grandes empreendimentos, tais como cosméticos, farmacêuticos, empresas que trabalhem com os recursos da bioeconomia e da biodiversidade da floresta, de tal sorte a gerar os empregos necessários para que esses 23 milhões de brasileiros que vivem com o pior IDH [índice de desenvolvimento humano] do Brasil tenham uma oportunidade melhor naquela região e não sejam consequentemente tão facilmente cooptados por atividades ilegais, quer sejam de garimpo ilegal, roubo de madeira, grilagem de terra, dentre outros".