Uma idosa de 82 anos está entre as vítimas da ação de milicianos, que têm invadido imóveis de um condomínio residencial na Praça Seca, Zona Oeste do Rio. Na última quinta-feira (22), ela compareceu à 28ª DP (Campinho) para apresentar os documentos do apartamento, que estava alugado e era sua fonte de renda.
De acordo com a polícia, pelo menos seis apartamentos cujos proprietários não estavam em casa foram vendidos num período de três meses e já estão ocupados por outras famílias. O apartamento da aposentada era um deles, e foi tomado quando o inquilino saiu para trabalhar.
"A idosa ficou sabendo que estávamos investigando esse crime e resolveu nos procurar. Ela trouxe todos os documentos do imóvel. Ficou comprovado que ela é a verdadeira proprietária do apartamento", disse o delegado Antônio Ricardo Lima Nunes, titular da 28ª DP.
Na terça-feira, peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) constaram que três apartamentos do residencial foram arrombados e tiveram as fechaduras modificadas.
A 28ª DP diz que cada apartamento invadido pelos milicianos era anunciado num site de compras por R$ 18 mil. Um líder religioso está sendo investigado por suspeita de participação no esquema. Um chaveiro que trabalha nas proximidades também é suspeito de ajudar o grupo trocando as fechaduras. Ele foi preso po furto de energia.
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"Estamos querendo saber qual é a participação dele no esquema. Ele é suspeito de ser contratado para abrir as portas dos apartamentos invadidos . Ontem, quando fomos ao local, constatamos com peritos da Light um gato de energia elétrica. Ele foi detido por furto", afirmou Nunes.
Localizado na Rua Barão, o condomínio tem17 blocos com 270 apartamentos e fica em frente a outro chamado Comunidade Residencial Aeronáutica, que também sofreu uma investida de milicianos no ano passado. Na época, o grupo tentou cobrar taxas mensais de segurança aos moradores, como informou O GLOBO. A extorção, no entanto, não foi adiante.
Rodízio para manter a casa cheia
Com medo de perder o apartamento , um morador conta que faz um rodízio com as outras pessoas que vivem com ele, para evitar que o imóvel fique vazio. Ele relata que os vizinhos têm desconfiado da ação até mesmo de funcionários do prédio.
"É um sentimento de insegurança , de impotência enorme. A gente sabe que é uma coisa que vem tomando parte do nosso Estado e sabe que tem a nossa vida, em que trabalhamos diariamente. Quando saio de casa agora fico nessa insegurança, sem saber se vou voltar com a minha casa invadida", desabafou.
O condomínio fica próximo ao Morro São José Operário, dominado por milicianos .