Menos de 10% do estoque de 3 milhões de comprimidos de hidroxicloroquina doados ao Brasil pelos Estados Unidos e por uma multinacional para Covid-19 foram distribuídos. Apenas 289 mil unidades do medicamento, ou 9,6% do total, tiveram como destino 10 cidades e a um grupo hospitalar no Sul do país.
O presidente do maior doador do remédio ao Brasil, Donald Trump, foi infectado recentemente pela Covid-19 e, segundo relatos, não fez uso do medicamento durante o tratamento. Em maio, ele afirmou que estava tomando a droga de forma preventiva para doença, mesmo sem comprovação científica de eficácia.
O remédio doado, cuja maior parte chegou ainda em maio, tornou-se um problema para o governo brasileiro por conta da necessidade do fracionamento, pois veio em potes muito grandes, com 100 e 500 comprimidos. A Agência Nacional de Vigilância ( Anvisa ) teve de editar uma autorização especial com regras de segurança para que a droga seja fracionada.
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Somente no início de setembro, as normas foram anunciadas pelo Ministério da Saúde como tentativa de dar vazão à hidroxicloroquina estocada. A pasta deixou a cargo do solicitante, em geral estados ou municípios, a tarefa do fracionamento.
Mais de um mês depois, o interesse na hidroxicloroquina recebida na forma de doação não levou a um patamar significativo de distribuição. Além do Grupo Hospitalar Conceição, receberam ou estão para receber a droga Madre de Deus (BA), Grão Mogol (MG), Joinville (SC), Pau D’arco (PA), Lages (SC), Pirassununga (SP), Pinhalzinho (SC), Vera Cruz (BA), Aracruz (ES) e Águas Lindas (GO).
A doação recebida pelo Brasil abrangeu 2 milhões de comprimidos de sulfato de hidroxicloroquina 200 mg vindos dos Estados Unidos e mais 1 milhão de comprimidos de 200 mg enviados pela Novartis, segundo detalhou o Ministério da Saúde ao GLOBO em agosto sobre os medicamentos cujas regras de fracionamento seriam anuciadas.