Heraldo Lopes Guimarães, conhecido como Pai Guimarães de Ogum
Divulgação/Facebook
Heraldo Lopes Guimarães, conhecido como Pai Guimarães de Ogum


Um dos líderes da umbanda mais conhecidos do país, Heraldo Lopes Guimarães, conhecido como Pai Guimarães de Ogum, foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por abusos sexuais  praticados contra seis mulheres entre os anos de 2011 e 2014. Ele comandava o Templo de Umbanda Estrela Guia, no bairro do Ipiranga, e a Associação Brasileira dos Religiosos de Umbanda, Candomblé e Jurema.


É tido como um líder religioso controverso , que costuma brigar com os que discordam de suas ideias, chegando a ser agressivo. Apesar disso, tem grande número de seguidores e costuma manter contato direto com eles por meio de grupos de whatsapp.

Uma das denunciantes é uma jovem de 22 anos , que começou a frequentar o terreiro aos 8 anos de idade, com a mãe, e via na figura de Guimarães um pai. Ele passou a orientar, educar e, quando a menina completou 12 anos, autorizou que ela começasse a participar dos rituais da religião.

Numa das sessões, a levou para um quarto onde eram incorporadas as entidades espirituais, chamado "tronqueira de exu", onde teria mandado que ela fizesse sexo oral em seu pênis . Ao falar com a menina, como se tivesse sido incorporado por uma entidade, determinou ainda que ela não comentasse com ninguém sobre o ritual. A adolescente chegou a ser contratada por Guimarães numa serralheria de sua propriedade.

Guimarães chegou a dizer à adolescente que ela tinha que fazer os "trabalhos" na tronqueira para ajudar na recuperação da saúde de uma mãe de santo do terreiro, que havia sido diagnosticada com câncer. A garota, que não tinha qualquer experiência sexual, obedeceu e, por diversas vezes, teve relações sexuais com o líder religioso a mando do "santo".

A jovem contou que só conseguiu se afastar do terreiro três anos depois de iniciados os abusos. No ano passado, segundo ela, Guimarães a procurou por meio de redes sociais e disse que ela deveria voltar a encontrá-lo, porém, sem nada dizer à "Mãe do terreiro".

Você viu?

A coragem para fazer a denúncia, segundo a jovem, só veio depois de ter conversado com outras mulheres que frequentavam o terreiro na mesma época e que comentaram também ter sido vítimas de abusos . Ela se sentia amedrontada e achava que havia sido a única vítima. Com a descoberta de que não era a única, decidiu procurar o Projeto Acolhimento de Vítimas, Análise e Resolução de Conflitos (Avarc), do Ministério Público de São Paulo.

"Ele agia como um pai e usava o santo para fazer isso. Só depois percebi. Hoje acho ridículo, mas na época era uma criança e acreditei. Ele não representa a religião, é um monstro ", diz a jovem, que passou a ter sintomas de síndrome do pânico e hoje toma medicamentos.

Feita a denúncia, a jovem, assim como as demais vítimas, passou a receber apoio sicológico .

As seis vítimas relatam casos de atos libidinosos e relações sexuais , ocorridos dentro e fora do templo de umbanda, mas sempre com abuso do poder religioso exercido por Guimarães. Pelo menos mais uma delas era menor de idade na época em que foram iniciados os abusos - tinha 14 anos. Outras vítimas foram levadas ter relações sexuais com o "santo" a pretexto de cura de doenças graves e até mesmo de conseguir engravidar.

Uma das vítimas é ex-mulher de Guimarães. Viveu com ele durante seis anos e diz que era ameaçada sempre que ouvia rumores sobre os abusos sexuais cometidos por ele. O líder espiritual afirmava sempre que era "o santo", segundo a denúncia. Algumas das vítimas foram expulsas do terreiro depois de comentarem sobre os abusos e difamadas, chamadas de "loucas" e "vagabundas".

Religioso nega acusações

Marco Antônio de Castro, advogado de Guimarães, afirma que seu cliente nega todas as acusações e que divulgará vídeos nas redes sociais para se defender.

Segundo ele, o pai de santo está preparando sua defesa prévia para a Justiça, que deverá ouvi-lo antes de decidir se aceita ou não a denúncia apresentada pelo MP-SP no último dia 15 de setembro. "Meu cliente nega. Em crimes sexuais a palavra da vítima é fundamental, mas não pode ser absoluta", diz Castro.


    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!