Marielle Franco
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Marielle Franco


A operação Déjà vu, realizada na manhã desta quarta-feira (09), mostrou as similaridades entre os assassinatos do ex-policial André Henrique da Silva, o André Zóio, e de sua companheira, Juliana Sales de Oliveira, em junho de 2014, e da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes , em março de 2018.


A relação entre os crimes fizeram com que familiares de Marielle destacassem o avanço nas investigações. Anielle Franco, irmã da vereadora, e Mônica Benício, viúva da parlamentar, se manifestaram nas redes sociais ao receberem a notícia sobre a ação que teve como alvo o ex-vereador Cristiano Girão, o miliciano Leandro Siqueira de Assis, o Leandro Cabeção ou Gargalhone, o PM aposentado Ronnie Lessa e outros dois homens.

Mônica destacou como as investigações sobre o Caso Marielle contribuíram para a ligação, pela primeira vez, entre Girão e Lessa numa mesma ação criminosa . A polícia também apontou a operação desta quarta-feira como um passo na direção dos mandantes da morte da vereadora.

As investigações chegaram aos suspeitos seis anos depois, com o resultado da quebra do sigilo de dados digitais de Lessa, autorizada pelo juiz do 4º Tribunal do Júri, Gustavo Kalil, por conta do Caso Marielle. Os investigadores constataram que o sargento reformado usou o buscador Google para pesquisar , em 2018, a morte de Zóio e de Juliana

A irmã de Marielle, Anielle, também citou a relação entre o ex-vereador e o PM aposentado em um caso de assassinato. Ela ainda destacou não haver, até o momento, a identificação do mandante do crime que hoje completa 910.

Assinatura de Ronnie Lessa

Após constatar o interesse tardio de Lessa pelo duplo homicídio, o inquérito concluiu que as caraterísticas do crime contra Zóio e Juliana na Gardênia, em 2014, foram parecidas com a emboscada que mataria Marielle e Anderson quatro anos depois: tiros disparados de dentro de um carro contra os ocupantes de outro veículo, obstruído pelos criminosos.

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Para os investigadores, a sequência de tiros com o carro em movimento, o duplo homicídio, embora o alvo fosse apenas um dos ocupantes do veículo, e a precisão dos disparos indicam que o crime tem a assinatura de Lessa.

Outro ponto em comum foi o uso de uma arma automática - no caso de Zóio, um fuzil M16, arma pequena e de pouco recuo. Na morte de Marielle, os assassinos usaram uma submetralhadora.

O assassinato do casal foi cometido por volta das 10h. Na época, um morador que não quis se identificar contou que os assassinos estavam aguardando André Zóio desde as 8h.

Na Gardênia Azul, os negócios da milícia incluíam o recebimento de aluguéis, venda de imóveis e de terrenos e até a administração de uma área onde ficava uma fábrica de lajes desativada.

Envolvimento no Caso Marielle

Girão, apontado como chefe da milícia da Gardênia Azul, havia figurado numa das linhas de investigação da polícia no Caso Marielle. No entanto, ainda na primeira fase do inquérito, a suspeita foi descartada. O ex-vereador foi preso em 2009, por comandar a milícia da Gardênia Azul.

Seu nome era um dos listados no relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias, cujo presidente era o então deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), concluído em 2008. Depois de ficar preso por oito anos , por ter sido condenado pelo crime de formação de quadrilha, Girão foi beneficiado por um indulto em agosto de 2017.

Ele cumpriu a maior parte da pena nos presídios federais de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul e, por último, em Porto Velho, em Rondônia.

Chamado para depor no dia 15 de agosto de 2018, Girão confirmou que esteve no dia 7 de março de 2018, uma semana antes da morte de Marielle e Anderson, na Câmara dos Vereadores. Alegou que estava acompanhando a mulher Edna Marinho Brum para exames médicos, no Centro, e aproveitou para visitar colegas da época de mandato, como o presidente da Casa, Jorge Filippe, e Chiquinho Brazão (Avante).

Como álibi no momento do crime , 14 de março de 2018, disse à polícia que estava na churrascaria Rio Brasa, na Barra da Tijuca, onde ficou até meia-noite. O ex-bombeiro contou que estava com a mulher e um empresário de São Paulo, do ramo da moda.

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