Robson ficou famoso por celebrar missas na TV e por ser líder da Basílica do Pai Eterno, em Trindade
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Robson ficou famoso por celebrar missas na TV e por ser líder da Basílica do Pai Eterno, em Trindade

O padre celebridade  Robson de Oliveira Pereira , de 46 anos, está sendo investigado pelo crime de lavagem de dinheiro em transações imobiliárias. De acordo com o Ministério Público de Goiás (MP), um aspecto em especial chamou a atenção dos promotores: todas as negociações imobiliárias sempre resultaram em prejuízo para a instituição criada pelo padre.

As negociações eram realizadas por meio da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), entidade criada e presidida por Robson. Ele é apontado como líder de uma organização que desviava dinheiro doado por fiéis.

O MP menciona, por exemplo, o caso de um terreno situado na cidade de Trindade, cidade onde está a Basílica do Pai Eterno - paróquia sob o comando de padre Robson que se tornou destino de romaria de peregrinos católicos, situada a 23 km de Goiânia.

Em 2010, a instituição criada por padre Robson adquiriru o terreno de 3,2 mil metros quadrados que pertencia ao Governo do Estado de Goiás por R$ 485 mil. Quase uma década depois, em fevereiro de 2019, o terreno foi repassado à empresa KD Administradora de Bens pelo mesmo valor.

Corrigido pela inflação do período, o valor do imóvel estaria avaliado, no mínimo, em R$ 820 mil na data da transferência para a KD Administradora de Bens. O Ministério Público cita a negociação como exemplo de uma operação de lavagem de dinheiro.

De acordo com o MP, a KD Administradora de Bens negociou “dezenas de imóveis” com a Afipes que, em todos os casos, representaram “evidente prejuízo” para a entidade comandada por Padre Robson.

Na decisão da juíza Placidina Pires, da Vara de Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais, a KD Administradora de Bens negociou “dezenas de imóveis” com a Afipes que, em todos os casos, representaram “evidente prejuízo” para a entidade comandada por Padre Robson. A magistrada autorizou a realização de busca e apreensão contra os investigados nesta sexta-feira (21).

A KD Administradora pertence a Douglas Reis, dono da maior rede de postos de combustíveis em Goiás, a Kurujão.

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O documento aponta ainda um outro indício da prática de crimes de apropriação indébita, organização criminosa, lavagem ou ocultação de bens e dinheiro.

A KD Administradora de Bens utiliza os serviços da mesma empresa de contabilidade que cuida das contas da Afipe: a Auditec.

O MP sustenta que a Auditec montou todo o arcabouço de empresas e pessoas físicas no entorno do padre Robson para conseguir regularizar as questões administrativas e fiscais da associação.

Investimento

Padre Robson é suspeito de chefiar uma organização criminosa que desviou R$ 60 milhões doados pelos fiéis. De acordo com o MP, os recursos provenientes de doações foram utilizados para a compra de fazendas, apartamentos e até mesmo de uma casa na Praia de Guarajuba, na Bahia.

A defesa do pároco alega que a Afipe realizou as transações como uma forma de investimento e justificou que os rendimentos são integralmente aplicados na entidade.

“A questão toda era: vou manter todos os recursos que eu recebo dos meus fiéis no banco, com taxa selic de 2% ao ano ou vou fazer aplicações em outros mercados e ter rendimentos maiores?”, disse o advogado Klaus Marques, que representa a Afipe.

Ponto de partida 

As investigações começaram depois que o padre Robson foi vítima de extorsão, em 2017. Na ocasião, ele teve computador e celular hackeados e passou sofrer chantagem. Os criminosos pediram dinheiro “para que não divulgassem imagens e mensagens eletrônicas com informações pessoais, amorosas e profissionais que levassem a prejudicar sua imagem”, segundo o MP.

O padre chegou a transferir mais de R$ 2 milhões das contas bancárias da Afipe para a quadrilha que praticava extorsão. O grupo criminoso foi condenado em 2019, mas o uso do dinheiro da associação para fins pessoais chamou a atenção do MP.

Os promotores também utilizaram dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) para verificar como o dinheiro doado por fiéis era usado em proveito dos investigados.

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