Ex-secretário de Saúde afirmou em delação ter sido intimidado na prisão da PM
Fábio Rossi/Agência O Globo
Ex-secretário de Saúde afirmou em delação ter sido intimidado na prisão da PM


Prestou depoimento à Corregedoria Interna da Polícia Militar, nesta segunda-feira 917), o oficial que, segundo o ex-secretário de Saúde do Rio Edmar José Santos, teria o ameaçado na Unidade Prisional da PM, em Niterói, para que ele trocasse de advogado, uma condição para que Edmar "não fosse abandonado pelo grupo".


O tenente Cabana que Edmar relatou ao Ministério Público Federal (MPF), na delação homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), é Vinícius Rezende Rocha Cabana, lotado no 18º BPM (Jacarepaguá). À Corregedoria, Cabana confirmou que falou com o ex-secretário de saúde. No entanto, negou que tenha-lhe intimidado ou levado alguma ordem de fora do presídio.

De acordo com Edmar, o encontro teria acontecido no pátio da cadeia no dia 6 de agosto. De fato, naquele dia tenente Cabana tirava serviço na penitenciaária que abriga policiais presos. "É que uma vez a cada semestre o Estado Maior da PM sorteia oficiais da corporação – de todos os batalhões - para que eles deem plantão no local como 'oficial do dia'. Por falta de pessoal, a Polícia Militar escolhe oficiais de todo o estado para o serviço."

Em depoimento, Cabana contou que após a 'ordem do dia' – hora que todos os presos ficam em fila e cantam o hino nacional – ele se encontrou com o ex-secretário . Entretanto, segundo o oficial ele apenas passou por Santos, que é tenente-coronel, lhe deu "bom dia" e perguntou com ele estava.

Segundo Cabana, essas teriam sido as únicas palavras que ele teria tido com o ex-secretário. Em sua defesa, o oficial afirmou que o momento teria sido gravado . A Corregedoria já solicitou as imagens do circuito interno da cadeia.

Edmar afirma que a atitude de Cabana foi uma ameaça ou um aceno de apoio financeiro do grupo de Everaldo Dias Pereira, o pastor Everaldo, presidente do Partido Social Cristão (PSC), legenda do governador Wilson Witzel.

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Ainda segundo o ex-secretário, outro sargento – que também estava preso e seria ligado ao deputado estadual e ex-prefeito de Belford Roxo Márcio Canella (MDB) – o sondou várias vezes para obter informações sobre o que ele diria em uma possível delação.

Por determinação de Witzel, a PM abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o crime de ameaça. A Corregedoria da PM quer saber se houve crime militar dentro da unidade prisional.

Na tarde desta terça-feira (18), quem prestou depoimento ao órgão foi Edmar Santos. Sua versão está sendo confrontada pelos corregedores.

Cabana disse que não iria se pronunciar sobre o caso. "Infelizmente, não tenho nada a declarar."

A defesa de Edmar Santos foi procurada. No entanto, o advogado Bernardo Braga – que fazer a defesa do ex-secretário – não atendeu as ligações da reportagem.

O porta-voz da PM, o coronel Mauro Fliess, afirmou que a corporação apura o que aconteceu dentro da unidade. "A Corregedoria vai ouvir todos os envolvidos para saber o que aconteceu. Também serão recolhidas todas as imagens de câmeras de segurança da unidade."

Quem é Cabana

Vinícius Rezende Rocha Cabana, de 33 anos, está lotado no 18º BPM (Jacarepaguá) desde janeiro de 2019. Ele entrou na PM como praça, em agosto de 2012 e trabalhou nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) da Vila Cruzeiro, no Complexo do Alemão, e Vidigal, na Zona Sul do Rio.

Após passar no concurso para o oficial , ele trabalhou no Comando de Polícia Pacificadora (CPP), nas UPPs Mangueirinha, em Duque de Caxias; Camarista Méier, no Lins de Vasconcellos; Vidigal; Complexo do Alemão e Ladeira dos Tabajaras.

No seu currículo na PM, o oficial tem quatro faltas leves . Segundo o Portal da Transparência do Governo do Estado o salário de Cabana é de R$ 9.408,94.

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