O programa "Repórter Record Investigação" exibiu, nesta semana, uma reportagem sobre a condições de trabalho análogas à escravidão em campos de Sisal na Bahia. A própria apuração, porém, não contava com o registro obtido pela emissora após um dos entrevistados esquecer a câmera e o microfone ligados depois da entrevista.
Após entrevista na qual afirmava "as condições de trabalho adequadas", o presidente do Sindicado das Indústrias de Fibras Vegetais do Estado da Bahia - Sindifibras, Wilson Andrade, se despediu sem desligar os equipamentos. Wilson, então, levanta-se da cadeira para conversar com seu assessor. "O esquema é completamente irregular. Não tem registro, o cara trabalha como autônomo", diz.
Pouco antes, Wilson iniciava a conversa dizendo que "a defesa está feita!", mas confessa que a repórter - que questionou a indústria - tem razão. "Tá errado, ela tem razão. Agora, você tem que defender naquilo que pode, tá certo?", afirma o presidente do sindicato, antes de perceber que as afirmações estavam sendo gravadas.
Sobre as condições de trabalho nos campos de Sisal, a reportagem denunciou jornadas exaustivas, trabalho infantil e levradores que foram mutilados em equipamentos. Grande parte dos trabalhadores recebem salário inferior ao mínimo. Durante a entrevista, antes da conversa com oassessor, o presidente do sindicato chegou a afirmar que "não acha a situação grave".