Os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba repudiaram , nesta quarta-feira (29), a declaração do procurador-geral da República, Augusto Aras, que afirmou que a Lava-Jato de Curitiba funciona como "caixa de segredos". Em nota e sem citar o nome de Aras, referindo-se apenas à live realizada na noite de 28 de julho", os procuradores afirmam que a ilação de que há milhares dedocumentos ocultos é falsa .
Dizem ainda que as investigações de crimes graves envolvem políticos e grandes empresários e desagradam "parcela influente" da sociedade, que "lança mão de todos os meios para desacreditar o trabalho até então realizado com sucesso".
"Não há na força-tarefa documentos secretos ou insindicáveis das Corregedorias. Os documentos estão registrados nos sistemas eletrônicos da Justiça Federal ou do Ministério Público Federal e podem ser acessados em correições ordinárias e extraordinárias. As investigações e processos são ainda avaliados pelas Corregedorias e pelo Poder Judiciário, pelos advogados deinvestigados e réus e pela sociedade", diz a nota.
Na live, realizada comum grupo de advogados, Aras afirmou que a força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba funciona como uma "caixa de segredos" e que a força-tarefa tem 350 terabytes em informações, contra 40 terabytes de todo o Ministério Público Federal (MPF).
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Para os procuradores, os ataques são genéricos e infundados e devem ser refutados , assim como as tentativas de interferir no trabalho. Ressaltaram ainda na nota que a independência dos integrantes do Ministério Público é garantida pela Constituição de 1988 e deve ser preservada, para que os trabalhos sejam guiados pelo interesse público e seminterferência de interesses, "por mais influentes que sejam".
Sobre a extensão da base de dados , aos procuradores afirmaram que ela só revela a amplitude das investigações e a necessidade de uma estrutura compatível com o trabalho.
"Ao longo de mais de setenta fases ostensivas e seis anos de investigação foi colhida grande quantidade de mídias de dados - como discos rígidos, smartphones e pendrives - sempre em estrita observância às formalidades legais, vinculada a procedimentos específicos devidamente instaurados. Para que se tenha ideia, por vezes apenas um computador pessoal apreendido possui mais de 1 terabyte de informações", diz nota.
De acordo com os procuradores, 38 mil é o número de pessoas físicas e jurídicas mencionadas em Relatórios de Inteligência Financeiraencaminhados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras(COAF) ao Ministério Público Federal, com base na supervisão de atividades suspeitas de lavagem de dinheiro.
No Twitter, um dos integrantes da força-tarefa de Curitiba, o procurador Roberson Pozzobon, criticou o processo de escolha de Aras pelo presidente Jair Bolsonaro, afirmando que faltou transparência.
"A transparência faltou mesmo no processo de escolha do PGR pelo Pres. Bolsonaro. O transparente processo de escolha a partir de lista tríplice, votada, precedida de apresentação de propostas e debates dos candidatos, que ficou de lado, fez e faz falta ", escreveu.