Rio de Janeiro: Hospital de campanha teve leitos 90% mais caros que rede privada

Dos sete hospitais de campanha previstos pelo governo estadual, só dois foram entregues

Dos sete hospitais de campanha prometidos pelo governo do Rio de Janeiro, só dois foram entregues
Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Dos sete hospitais de campanha prometidos pelo governo do Rio de Janeiro, só dois foram entregues

O governo do  Rio de Janeiro contratou leitos para hospitais de campanha estaduais até 90% mais caros que os contratados pela rede particular. Cada leito de campanha, inaugurado especialmente para Covid-19, teve custo médio de R$ 581 mil, enquanto os dois hospitais de campanha financiados e construídos pela Rede D'Or em parceria com empresas tiveram custo médio de R$ 305 mil por unidade, segundo levantamento feito pelo UOL .

Os hospitais de campanha do Maracanã e de São Gonçalo, inclusive, tiveram suas atividades suspensas pelo governador Wilson Witzel (PSC) no último dia 17. As duas unidades foram as únicas a ser entregues, das 7 previstas inicialmente.

O investimento do governo fluminense foi de R$ 256 milhões para construção e gestão de sete unidades de campanha —além dos dois hospitais que saíram do papel, três não têm previsão de inauguração e outros dois foram abandonados na fase de obras.

Iabas (Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde) foi o escolhido para construir e fazer a gestão dos hospitais. Cada leito tem um custo médio de R$ 581 mil, que inclui equipamentos, insumos, profissionais de saúde e a própria construção das estruturas. A maior parte, no entanto, não foi entregue.

Com 400 leitos somados, os dois hospitais de campanha financiados e construídos pela Rede D'Or em parceria com empresas custaram R$ 122 milhões — um custo médio de R$ 305 mil por leito. Os valores consideram a construção, compra de equipamentos e insumos, além da administração de toda a estrutura e das folhas de pagamento. Esses leitos passaram a integrar o SISReg (Sistema de Regulação) do município e foram colocados à disposição dos pacientes de Covid-19 por meio do SUS (Sistema Único de Saúde).

Além do atraso na entrega dos hospitais, a  SES (Secretaria Estadual de Saúde) é investigada pelo Ministério Público (estadual e federal) por fraudes em contratos da Saúde e possível favorecimento de empresários durante a pandemia. Na quinta-feira (23), o Iabas foi alvo de operação do MP-RJ e da Polícia Civil por suspeita de fraudes na prestação de serviços na área da Saúde do município.