Pressionado por deputados federais, que, em ano eleitoral, querem irrigar suas bases com recursos, o Ministério da Saúde acelerou transferências de recursos de combate à Covid-19 aos municípios. Todavia, o governo federal não mostrou a mesma agilidade.
De início, a Saúde triplicou o investimento empenhado para prefeituras, que saiude R$ 5,8 milhões no início de julho, para R$ 17,5 milhões até o último dia 21. Ou seja, a pasta carimbou três vezes mais verba somente neste mês para os municípios do que fez desde março, quando a pandemia de Covid-19 começou.
O mesmo não ocorreu com as transferências a estados, que, no mesmo período, tiveram um salto tímido: de R$ 4,1 bilhões para R$ 4,9 bilhões. E nem com os recursos para aplicação direta do próprio Ministério da Saúde no combate à Covid-19, que saíram de R$ 3 bilhões para R$ 3,2 bilhões. Segundo a pasta, o reforço financeiro aos municípios ocorre devido à recomendação de tratamento precoce da doença.
O segundo movimento do Ministério da Saúde foi retirar R$ 5,5 bilhões das outras duas modalidades de gastos (transferência aos estados e aplicação direta da própria pasta) para privilegiar os municípios. Estados perderam R$ 2,6 bilhões no montante autorizado e na aplicação direta a subtração foi de 2,9 bilhões. Já os municípios, na contramão disso, ganharam R$ 5,9 bilhões no total autorizado para repasses no âmbito da Covid-19 .
Os movimentos ocorreram após deputados pressionarem o ministro interino da pasta, Eduardo Pazuello , a honrar com um acordo pela distribuição da verba relacionada ao novo coronavírus (Sars-coV-2) a prefeituras indicadas por parlamentares. O governo prometeu R$ 10 milhões a cidades escolhidas por cada deputado ou senador. Em uma portaria do Ministério da Saúde no início de julho, porém, a liberação de R$ 5,7 bilhões a municípios não bateu com os valores acordados, gerando frustração e cobrança pelo envio de mais verba.