O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, foi alertado em meio por um comitê técnico da pasta sobre os benefícios do isolamento social para reduzir o impacto da pandemia na saúde e na economia. O alerta ao ministro interino revelado pelo jornal "O Estado de S. Paulo" está registrado numa ata de reunião do Comitê de Operações de Emergência em Saúde Pública.
Depois de visitar Santa Catarina na quarta-feira (22), o ministro concedeu entrevista coletiva em Curitiba, no Paraná, na tarde desta quinta-feira (23) e comentou o assunto.
Pazuello foi questionado porquê o Ministério da Saúde não seguiu as orientações técnicas do Comitê de Operações de Emergência (COE), após alerta de que sem as medidas de isolamento social, os impactos da doença serão sentidos por até dois anos no Brasil. Na resposta, ele disse que não cabe ao ministro executar essa ou aquela medida de distanciamento social nem se pronunciar sobre a ação dos gestores locais.
"O gestor é que tem essa obrigação. Seria um pronunciamento político. Eu acredito que a gente precisa olhar para o gestor que tem de tomar decisões duras, de enterrar amigos, que vai ter de se explicar para os órgãos de controle sobre as compras que vem fazendo, e a gente tem que apoiá-los em qualquer decisão, seja qual for a decisão dele", afirmou durante entrevista coletiva no Paraná.
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O ministro também comentou que com a chegada do inverno, os casos da Covid-19 no Sul do País devem crescer nas próximas semanas por conta da sazonalidade das doenças respiratórias.
"Os gestores estão tomando as decisões que têm que tomar, mas os casos devem aumentar. Uma coisa é a curva crescente de contaminação, outra coisa é a curva de óbito. A curva de óbito cabe a nós. Qual resposta, que tipo de preparo, qual a melhor ação que a gente pode fazer pra evitar o óbito? A consequência do óbito passa pela nossa mão", afirmou o ministro.
À frente da pasta, Pazuello ponderou que a estratégia do Ministério da Saúde é reforçar as unidades básicas de saúde para garantir uma triagem dos pacientes e um atendimento precoce. “Não é mais pra ninguém ficar em casa esperando passar mal e ficar com falta de ar. Procure o médico imediatamente, nas unidades básicas”, orientou. "Com o diagnóstico, vem o tratamento. Com o tratamento, vem a cura. E não para na UTI", disse.
Sem citar nomes, ele defendeu que os médicos podem prescrever
os medicamentos disponíveis atualmente, "seja ele qual for".
O Brasil registrou nesta quarta-feira (22) novo recorde de novos casos confirmados de coronavírus em 24 horas, com mais 67.860 infecções, totalizando 2.227.514 casos da Covid-19. O ministério também informou que foram registradas mais 1.284 mortes nas últimas 24 horas, elevando o total de óbitos no país em consequência da doença para 82.771.