Recife (PE) e Belém (PA) são as únicas capitais brasileiras que chegaram na fase de saturação da pandemia — isto é quando a "pior fase" da epidemia já passou. É o que afirma um estudo liderado por acadêmicos dos departamentos de Estatística e Física das Universidades Federais de Pernambuco, Sergipe e do Paraná.
Segundo a nota técnica, as duas capitais estão próximas de alcançar a estabilização do número total de casos e óbitos por Covid-19 . Enquanto isso, oito capitais ainda estão enfrentando a fase inicial com crescimento rápido e outras dezessete estão na fase intermediária, quando a curva epidêmica indica uma estabilização, mas ainda está distante do estágio final da epidemia.
"É preciso que se tenha em mente que, mesmo atingindo a fase de saturação, ainda permanece o risco de recrudescimento da curva de contágio, caso as medidas de controle da transmissão do vírus sejam relaxadas", esclarecem os pesquisadores.
Os pesquisadores analisaram as curvas acumuladas de mortes atribuídas à Covid-19 nas 26 capitais dos estados brasileiros e do Distrito Federal até o dia 19 de julho. Foram utilizados três modelos Os pesquisadores utilizaram três modelos matemáticos para analisar as fases em que se encontram as cidades.
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O objetivo do estudo é entender a dinâmica da epidemia e indicar em que fase as cidades estão para auxiliar as autoridades públicas na escolha das medidas mais adequadas para o enfrentamento da doença e indicar se é possível haver flexibilização.
De acordo com o professor do Departamento de Estatística da UFPE, Raydonal Ospina, o Recife está próximo do que os cientistas estão chamando de "platô", ou seja, uma estabilização após o pico de taxas diárias de novos casos e óbitos. Ainda sobre a pesquisa, essa curva que indicou a estabilização no Recife ocorreu entre 30 de abril e 6 de maio.
Tanto Recife como Belém conseguiram frear o crescimento exponencial inicial do número de óbitos adotando medidas de isolamento social logo no início da epidemia. O que foi possível concluir que a velocidade da ação das autoridades públicas influencia na eficiência do combate à epidemia.
"O Brasil atrasou na resposta, o número de casos deve continuar em crescimento. As flexibilizações de algumas regiões foram feitas de forma precária e antecipada. Alguns estados tendem a aumentar o número de casos. Existe uma pressão social e econômica para que as coisas voltem, e não tem como parar toda uma sociedade sem preparar antes e garantir uma renda básica, por exemplo, para que as famílias consigam ficar em casa. É um vírus novo que pegou a todos de surpresa e a parte política não deu respostas corretas e na velocidade adequada", analisa Raydonal Ospina.