Um levantamento iniciado no fim de semana pelo Sindicato dos Médicos (SinMed-RJ) sobre as redes públicas de saúde do Rio relatou falta de profissionais e equipamentos e o consequente fechamento de centenas de leitos em cada uma das nove unidades da rede hospitalar federal do Rio , a maior sob administração do Ministério da Saúde.
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O caso mais grave é o do Hospital Federal de Bonsucesso, que, no início da pandemia, foi definido pela Superintendência Estadual do Ministério da Saúde como a unidade referência no combate ao coronavírus no Rio. Com isso, o hospital foi esvaziado, deixando de oferecer 28 serviços especializados de média e alta complexidade num de seus prédios, para atender exclusivamente à Covid-19. O resultado foi a troca de 240 leitos por 49, que, segundo dados do Sistema de Regulação no sábado, estavam desocupados.
A inércia na oferta de leitos gerou ação da Defensoria Pública da União e do Ministério Público Federal. No início de maio, a Justiça acusou “omissão no enfrentamento à pandemia ” e determinou a destituição da direção do HFB, mas uma decisão posterior do TRF2 suspendeu a liminar.
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"Desde o início criticamos a escolha do HGB como referência, e já existem outras duas unidades com emergências mais bem estruturadas, o Cardoso Fontes e o Andaraí", disse Carlos Vasconcellos, diretor do SinMed-RJ, que criticou o discurso do presidente Jair Bolsonaro ao incentivar a busca de flagrantes de inoperância hospitalar.
"Não queremos eximir a responsabilidade do governador e do prefeito, mas o presidente não pode acusar isso, se sua própria rede não faz nada", concluiu.
A outra unidade federal com leitos para Covid é o Hospital dos Servidores, com seis disponíveis. Mas unidades com emergência continuaram recebendo pacientes com coronavírus, como o Cardoso Fontes, onde profissionais falam em superlotação.
"Uma ala para seis pacientes chegou a ter 21. Cuidei de 13 ao mesmo tempo, quando a média era ter três. Tivemos muita demanda e poucas condições de atendimento", diz a técnica de enfermagem Christiane Gerardo.
Procurado, o Ministério da Saúde não se manifestou.