Bolsonaro distorce OMS sobre assintomáticos e defende reabertura rápida

Líder técnica da Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que transmissão por assintomáticos "parece ser muito rara". No entanto, há diferença entre assintomáticos e pré-sintomáticos

Bolsonaro deturpou as falas de infectologista da OMS novamente para defender retomada econômica
Foto: Jorge William / Agência O Globo
Bolsonaro deturpou as falas de infectologista da OMS novamente para defender retomada econômica

Após líder técnica da OMS dizer que transmissão da Covid-19 por pessoas assintomáticas é rara , Jair Bolsonaro (sem partido) disse que espera uma reabertura mais rápida, já que, segundo ele, "o pânico começa a se dissipar".

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"Ontem a OMS também disse que a transmissão de pessoas assintomáticas é praticamente zero. Muitas lições serão tomadas. Isso pode sinalizar a uma abertura mais rápida e do comércio e a extinção de medidas mais rígidas autorizadas pelo STF e por prefeitos e governos estaduais. O governo federal não participou disso. Vai ter muita discussão", disse Bolsonaro durante reunião do Conselho de Ministros, hoje (9), em Brasília.

"Esse pânico que foi pregado lá atrás por parte da grande mídia começa talvez a se dissipar levando em conta o que a OMS falou por parte do contágio dos assintomáticos", completou o presidente.

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O que a OMS disse, na verdade, é que "parece haver" baixa transmissibilidade de assintomáticos e citou, por enquanto, apenas um estudo de pequeno porte feito pela China. Vale entender, ainda, a diferença entre assintomático e pré-sintomático. O que a líder da organização disse é que pessoas que não desenvolvem sintomas tem baixo risco de transmitir a Covid-19; isso não inclui a pessoa que ainda vai desenvolver os sintomas.

Bolsonaro defendeu novamente o fim do isolamento social de forma mais assídua depois dessas informações. "Quem sabe poderemos voltar à normalidade que tínhamos no começo deste ano", disse.

Apesar do pronunciamento, a OMS não recomendou rever a questão do isolamento social para frear a disseminação do vírus. Segundo Van Kerkhove, as ações dos governos devem se concentrar na detecção e isolamento de pessoas infectadas com sintomas e no rastreamento de qualquer pessoa que possa ter entrado em contato com elas.

Kerkhove, porém, declarou que é preciso aguardar mais pesquisas para "responder verdadeiramente" a questão.