Segundo os dados divulgados pela secretaria de Saúde neste domingo (31), o Rio bateu o recorde negativo de novos casos e óbitos registrados em 24 horas por causa do coronavírus . Foram 5.435 novas pessoas infectadas e 265 mortes. Desde o início da pandemia , o estado do Rio acumula 53.388 casos confirmados e 5.344 mortes pela Covid-19.

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Paciente no hospital de campanha da Prefeitura do Rio%2C no Riocentro%2C recebe os primeiros pacientes
Divulgação / Prefeitura do Rio do Janeiro
Paciente no hospital de campanha da Prefeitura do Rio, no Riocentro, recebe os primeiros pacientes


Foi o segundo dia consecutivo com o maior número de casos registrados em 24 horas. Neste sábado, foram divulgados novos 4.467 pacientes. Já o recorde de mortes havia sido na última quinta-feira, com 256 óbitos.

Embora o governo tenha anunciado que um consórcio de hospitais privados deverá assumir a gestão de seis unidades de campanha no estado, a Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro diz que ainda não há nada de concreto em relação a isso. Segundo um dos diretores da entidade, o médico Graccho Alvim, a criação de um consórcio chegou a ser aventada na reunião realizada nesta sexta-feira (29) entre o secretário estadual de Saúde, Fernando Ferry, com representantes do Iabas e da associação, mas que não há nada de concreto ainda. Ele ressaltou a existência de um contrato em vigor entre o governo e o Iabas e que mesmo se houver um distrato a entidade necessitaria de mais de 15 dias para criar este consórcio. Tudo isso, em meio a uma pandemia, onde há filas por assistência médica.

"Já existe um contrato com o Iabas, então, não podemos falar nada se existe um contrato vigente. Foi aventada esta possibilidade, mas acho até que é prematuro dizer quantos hospitais estariam (envolvidos no consórcio). E acho que, mesmo se houver distrato, a estratégia que a gente precisa montar leva tempo. Se tivermos que fazer isso, acho em menos de 15 dias não conseguiríamos montar um plano estratégico para saber quem é que vai assumir e de que forma vai assumir. É preciso ver a parte jurídica nessa questão de distrato. Tem pontos aí que não dá para chegar e dizer: vamos fazer e pronto", explicou Alvim.

O diretor da Associação dos Hospitais do Rio de Janeiro lista ainda os problemas que antecedem a criação de um possível consórcio.

"Não acho que assinar um contrato com os hospitais privados seja uma coisa para ser feita da noite para o dia. Primeiro é preciso analisar a contratação que há com o Iabas. A segunda coisa que precisa ser feita é traçar um plano estratégico. Como é que isso vai funcionar e que hospitais estariam envolvidos. O terceiro ponto é a parte jurídica, que deve ser analisada para que a gente possa fazer da melhor maneira, para que não aconteça a mesma situação que aconteceu com o Iabas. Ainda não sabemos nem quantas empresas participariam desse consórcio. Foi aventada essa possibilidade, mas nada concreto."

Ele ressaltou que as discussões acontecem num momento muito problemático em que milhares de pessoas precisam de atenção médica.

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"É uma questão problemática e a decisão deve ser tomada o mais rapidamente possível, porque a população não pode esperar. Mas é muito trabalhoso. É preciso primeiro levantar quem tem disponibilidade para isso, hospitais que tenham disponibilidade técnica para isso. Ainda não tem nenhuma empresa envolvida, nenhum hospital contactado. Havendo o distrato, haveria essa possibilidade de montar esse consórcio", afirmou Alvim.

A associação é formada por 110 hospitais privados vinculados ao estado. Segundo Alvim, atualmente 87% dos leitos estão ocupados. Dos cerca de 300 leitos que estariam disponíveis para oferecer ao estado, apenas 100 estariam em condições de serem ocupados por pacientes contaminados pela Covid-19 .

"Não podemos utilizar todos esses leitos porque muitos são de unidades de saúde pequenas, que não comportariam atender pacientes com o novo coronavírus. É preciso ter estrutura. Uma enfermaria não pode receber um paciente desse porque seu quadro pode agravar e ele necessitar de atendimento mas especializado. Fizemos uma conta há umas duas semanas e chegamos a 100 leitos com UTIs, aumentando, apertando, melhorando a capacidade estrutural, mas não se fechou nada ainda com a Secretaria (estadual) de Saúde", disse.

Obras atrasadas e pacientes na fila de espera

Está marcada para a próxima segunda-feira uma nova reunião para estabelecer a forma como o consórcio — que, acredita-se, contará com entre 15 a 20 unidades privadas — poderá atuar em hospitais de campanha do estado. A OS Iabas informou que vai aguardar o encontro para se pronunciar a respeito do assunto. Na reunião de sexta-feira, o secretário de saúde afirmou que o Iabas deixaria de administrar seis hospitais de campanha e passaria a gerir somente o do Maracanã, o único inaugurado. No entanto, afirmou que o Iabas deve concluir as obras de construção das outras seis unidades.

Nesta sexta-feira, o diretor de engenharia do Iabas, Eusidio Emílio Cavalcanti, afirmou que o hospital de campanha de Nova Iguaçu já poderia receber pacientes neste fim de semana, mesmo ainda em obras. Porém, o GLOBO constatou neste sábado que não está havendo atendimento a pacientes contaminados pelo novo coronavirus.

A OS havia garantido que os próximos hospitais de campanhas a serem inaugurados seriam os de Nova Iguaçu, no dia 29 de maio; Duque de Caxias, no dia primeiro de junho; Nova Friburgo, em 7 de junho; Campos dos Goytacazes, em 12 de junho e, por último, o de Casimiro de Abreu, no dia 18 de junho.

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Um dos casos mais emblemáticos de atraso nas obras tem a ver com o Hospital de Campanha de São Gonçalo. O Iabas adiou a entrega da unidade por cinco vezes. Ele deveria ter sido aberto no dia 30 de abril. Mas a inauguração foi adiada para o dia 17 de maio, depois para os dias 26, 27, 28 e 29. E, agora, não há prazo para a entrega da unidade. Essa semana, a OS alegou que a entrada de um deputado estadual e seus seguranças contaminaram parte do piso da unidade com piche. A última versão para o adiamento da entrega da unidade é que faltam profissionais para trabalharem lá, que não estariam querendo assumir suas funções por causa da insegurança no local.

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