As medidas de isolamento social por causa da Covid-19 têm deixado os bichos "mais à vontade". Inclusive no mar. Relatos sobre tubarões bem próximos às praias têm circulado nos últimas dias nas redes sociais. Um dos filmes, gravado na terça-feira (12), mostra um grupo de 15 animais, da espécie tubarão-galha-preta, no mar azul de Angra dos Reis. A gravação mostra com nitidez os animais a uma distância curta da faixa de areia, sem serem "incomodados" por embarcações, barulho, turistas ou pescadores.
Autor da imagem, o empresário Cesar Duarte testava um jet-ski perto da Praia do Laboratório quando foi surpreendido pelos tubarões. Ele, que carregava um drone, parou para fazer a filmagem.Há cerca de 15 anos atuando com passeios de barco em Angra - serviço interrompido neste momento por causa da pandemia, Cesar diz que nunca tinha visto uma cena como essa.
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"Todo ano os tubarões aparecem. Mas eram sempre dois, três juntos. Ontem, eram 15. Alguns pulavam na água. Nunca vi tantos tubarões juntos, muito menos perto da praia", conta ele, impressionado. - Pode ser que haja influência da quarentena, porque não há tanto movimento de barcos no mar. As operações de passeio, com exceção dos barcos privados, estão proibidas.
Especialista em tubarões, Otto Gadig, professor do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Une), diz que, sim, eles estão mais visíveis nesse período de quarentena. E avisa: não há perigo nisso.
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"Estamos constatando um aumento no número de avistamentos de tubarões, e não no número de tubarões", ressalta o professor, acrescentando. "Para haver mais tubarões precisaríamos de muitos anos sem ter pesca. Porque eles demoram muito para repor a população. São animais com reprodução lenta. O que está acontecendo é que eles estão tendo uma folga com um pouco menos de pesca e com menos gente de alguma forma causando alguma perturbação no ambiente deles. Os tubarões são animais muito tímidos e relutantes à presença humana, que agora estão mais à vontade por causa da menor circulação de pessoas. Por isso, são vistos se aproximando mais das praias".
No caso do grupo flagrado ontem em Angra, a água quente do local, influenciada pela atividade da Usina Nuclear, também é um atrativo para os tubarões-galha-preta, que chegam a medir quase três metros.
Um tubarão-baleia, que pode chegar a 12 metros, foi filmado há poucos dias por pescadores próximo à Ilha Mãe, em frente à Praia de Itaipu, em Niterói. Gadig afirma que o mesmo que vem ocorrendo com a fauna terrestre em todo o mundo - com bichos saindo de seus esconderijos com a presença menor de pessoas - acontece com esses animais.
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"Os tubarões-baleia nessa época aparecem com mais frequência no litoral Norte de São Paulo e no Rio. Mas tínhamos registros de um, dois. Agora, já foram de 8 a 9, com filmagens de quase todos. Em Barra de Guaratiba há poucos dias um chegou pertíssimo das pedras. A explicação também está na menor perturbação no ambiente", acrescenta o professor.
Também circulam nas redes outros vídeos de tubarões em Angra e fotos de um tubarão-mako morto na Praia o Aventureiro, na Ilha Grande.
Veja vídeo de tubarões: