Coronavírus
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RIO — O novo Boletim do InfoGripe, da Fiocruz, indica uma tendência de continuação da aceleração do espalhamento do coronavírus no Brasil, retomando a velocidade do início de março, antes das medidas de distanciamento social. O boletim traz análises com base nos dados inseridos no Sivep-gripe até o dia 26 de abril.

O InfoGripe analisa casos notificados e mortes por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e oferece uma indicação da epidemia, embora não considere todos os sintomas associados à Covid 19 , mas apenas as internações de casos com febre, tosse, dor de garganta e dificuldade respiratória combinados.

Isso é feito para que os dados possam ser comparados aos dos anos anteriores. E essa comparação já revela um aumento considerado brutal. Até 26 de abril foram notificados 44.700 casos de SRAG . Mas levando-se em conta a demora na notificação de todos os casos até o fim da semana epidemiológica 17 (19 a 25 de abril), o InfoGripe estima que os casos sejam cerca de 62.600.

Para ser ter ideia, em todo o ano de 2019 foram registrados 39.400 casos de SRAG e em 2016, o pior ano dos registros devido ao vírus H1N1, esse número chegou a 39.800 notificações.

— É possível observar uma nítida tendência de crescimento da epidemia e não chegamos ao pico — diz Marcelo Gomes, pesquisador do Programa de Computação Científica da Fiocruz e coordenador da plataforma InfoGripe.

A tendência da redução da velocidade observadas de 22 a 4 de abril, após a implantação de distanciamento social, vem sendo revertida à medida que se reduz à adesão ao isolamento pela população.

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As mortes de SRAG notificadas este ano somam 5.500, contra 3.800 em todo 2019 e 4.700, em 2016. A estimativa é que até o fim da semana epidemiológica sejam 7.000 mortes (entre 6.300 e 8.400 mortes).

Marcelo Gomes explica que o InfoGripe deve começar a fazer estimativas deste ano tirando os filtros de sintomas da SRAG para poder uma imagem mais próxima da realidade.

— Os sintomas da Covid-19 são bem mais amplos e complexos do que os que usamos nos fitros para comparar com os anos anteriores — diz ele.

O pesquisador destaca ainda um efeito perverso do esgotamento da rede hospitalar. O sistema só registra os casos de internação. Porém, muitas pessoas doentes com Covid-19 não estão conseguindo vaga para se internar e não são contabilizadas.

— É um sofrimento imenso e invisível. Essa já é a situação no Rio de Janeiro. À medida que o distanciamento social diminui, nos deparamos com cenário tremendamente assustador — afirma ele.

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