Garis se tornaram ainda mais essenciais durante a pandemia
Divulgação/Comlurb
Garis se tornaram ainda mais essenciais durante a pandemia

Fundamentais no cotidiano da cidade por manterem as ruas limpas, os garis se tornaram figuras ainda mais essenciais durante a pandemia do coronavírus. Mas, como todo cidadão, também convivem com o medo da contaminação. A situação faz com que estes profissionais redobrem os cuidados com a prevenção, desde que saem de casa, quando pegam a condução, e no local de serviço.

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Máscara e luvas passaram a ser fundamentais para Rodrigo da Silva Abreu, de 37 anos, que trabalha no caminhão da coleta, na Gerência da Comlurb em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio. Medidas de proteção semelhantes foram adotadas por seus colegas.

"Estamos na segunda linha de frente. Em primeiro lugar vêm os médicos, enfermeiros e todo o pessoal que trabalha nos hospitais. Os garis estão aí para manter a cidade limpa e evitar a proliferação das doenças. A exposição é grande, pois a gente lida com vários tipos de detritos. A preocupação de nos machucar ou contrair algum tipo de doença, que já havia, agora é redobrada", conta Rodrigo.

A primeira mudança na rotina do gari Rodrigo, que mora com a mãe de 69 anos, em Tomás Coelho, foi com o deslocamento . Para chegar ao trabalho, pegava dois ônibus. Mas, desde que a pandemia se instalou, resolveu tirar o carro da garagem e assim evitar aglomeração dentro dos coletivos. "Gasto uma grana a mais com combustível, mas evito levar doença para casa".

Já Denea Santana dos Santos, de 44 anos, faz parte da equipe de garis que trabalha no Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, na Zona Sul. Ela diz que tem mais medo de se contaminar no transporte público do que no trabalho, onde os cuidados com a prevenção foram redobrados. O uniforme inclui avental, óculos, botas, máscara e luvas . Quando há suspeita de paciente infectado pelo coronavírus no setor em que ela trabalha, a maternidade, recebe viseira e um capote que cobre pescoço, braços e pernas.

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"No meu plantão já teve três casos suspeitos. Estou levando a situação normalmente, só que com um pouco mais de cuidado. A gente não precisa se desesperar", diz Denea, que não abre mão do álcool em gel a cada troca das três conduções que pega para sair de Santíssimo, na Zona Oeste, onde mora, para o Leblon.

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Pelo filho

As precauções da gari Flávia Santos de Oliveira, de 35 anos, que trabalha no serviço de varrição de ruas de Botafogo, na Zona Sul, também começam no deslocamento. A moradora de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, também pega três conduções. No ônibus, dá preferência ao assento individual, que fica na parte dianteira do veículo, para evitar o contato com outros passageiros. Quando chega na Gerência de Botafogo, toma banho antes de colocar o uniforme.

"Procuro me cuidar da melhor forma. No coletivo, procuro usar máscara. Já no serviço, estou sempre com as luvas. Quando as tiro, uso o álcool em gel. Também evito colocar as mãos no rosto", afirma a gari, que tem uma razão a mais para redobrar os cuidados : a vontade de voltar a abraçar o filho de 5 anos, que fica com o pai para ela poder trabalhar.

Um por todos

A equipe de garis do Rio é composta por 14 mil profissionais. Mas, por precaução, a Comlurb dispensou do trabalho todos os que têm mais de 60 anos, independentemente da condição de saúde. Além disso, funcionários de todas as idades que fazem parte de grupos de risco, como diabéticos e hipertensos, foram mantidos em casa, assim como os que demonstrem sintomas de gripe. Assim, o contingente nas ruas acabou reduzido.

A Comlurb também adotou escalonamento de horário de chegada e saída, além de ter reduzido a jornada de trabalho para seis horas corridas, com escalas em dias alternados.

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A companhia informou ainda que reforçou os equipamentos de proteção dos profissionais, com limpeza ostensiva e produtos adequados às gerências, veículos e equipamentos. A companhia disse também que está disponibilizando água, sabão e produtos de higiene, além de álcool em gel em todas as gerências.

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