Um e-mail do último dia 25 de março obtido pela CNN Brasil revela que ao menos 37 postos de saúde da capital de São Paulo receberam ordem para não notificar casos de Covid-19 . As informações passadas pelo Cejam (Centro de Estudos e Pesquisas João Amorim) pedem que apenas casos de profissionais da saúde com queixa respiratória sejam reportados.
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Ainda conforme o e-mail obtido pela CNN, o Cejam pede que as autoridades não abram o SINAN; o Sistema de Informação de Agravos de Notificação, onde são feitas as notificações de doenças de notificação compulsória.
O Cejam ainda indica que casos graves de Covid-19
devem ser notificados em hospitais de referência: Unidade de Vigilância em Saúde do M'Boi Mirim; Hospital Municipal do Campo Limpo; Hospital Municipal do M'Boi Mirim; Unidade de Pronto Atendimento do Campo Limpo; e Unidade de Vigilância em Saúde do Campo Limpo e o Hospital Serra Mayor.
Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (2) o secretário de Saúde do Estado de São Paulo, José Henrique Germann, negou que a orientação. "Não há nenhuma orientação por parte da Secretaria de Saúde para não notificar (casos supeitos de Covid-19). Pelo contrário, quanto mais notificação
, dentro de um quadro clínico adequado, melhor", declarou Germann.
O secretário ainda afirmou que todo paciente passa por uma separação, entre os quadros mais relacionados ao Covid-19 ou a um quadro gripal, que esse processo é "uma decisão do médico", mas que ele deve, sim, sempre notificar.
Já o Cejam enviou uma nota à reportagem do iG nesta quinta-feira, onde afirma que "segue estritamente diretrizes
e orientações passadas pelas Secretarias de Saúde".
Por meio de contratos de gestão ou convênios, a Cejam atua com serviços em São Paulo, Embu das Artes, Mogi das Cruzes, Campinas e na capital do Rio de Janeiro. Na zona sul da capital paulista, a Cejam opera em trinta Unidades Básicas de Saúde com 164 equipes.
Por nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que segundo a Coordenadoria de Vigilância em Saúde do Município de São Paulo (Covisa) "todos os casos suspeitos de COVID-19 são notificados após exame clínico realizado por profissional de medicina".
Segundo a nota, a orientação mencionada na reportagem segue protocolo "emitido pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Estado da Saúde, conforme a Resolução SS - 28, de 17 de março de 2020".
A nota também afirma que a vigilância em Saúde da cidade de São Paulo "decidiu manter o protocolo anterior, por entender que a situação epidemiológica específica da capital paulista, exige que todo caso clinicamente indicado por médico como suspeito deve ser notificado independente de sua gravidade".
Íntegra das notas
Secretaria Municipal de Saúde:
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A Coordenadoria de Vigilância em Saúde do Município de São Paulo (COVISA) informa que todos os casos suspeitos de COVID-19 são notificados após exame clínico realizado por profissional de medicina.
A COVISA não segue este protocolo que a reportagem menciona, emitido pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Estado da Saúde, conforme a Resolução SS - 28, de 17 de março de 2020.
De forma geral, a vigilância em Saúde da cidade de São Paulo atua em alinhamento com os órgãos federal e estadual. Contudo, neste caso específico, o município decidiu manter o protocolo anterior, por entender que a situação epidemiológica específica da capital paulista, exige que todo caso clinicamente indicado por médico como suspeito deve ser notificado independente de sua gravidade.
Por conta deste alinhamento frequente, uma mensagem foi enviada erroneamente, comunicando o protocolo emitido pelo governo do Estado. A mensagem de retificação foi enviada em seguida, restabelecendo o protocolo emitido em 19 de março (confira abaixo), que permanece vigente até a data de hoje.
Protocolo vigente na cidade de São Paulo:
Definição de casos suspeitos que devem ser notificados:
Nosso protocolo atual:
1) Notificação de TODOS os casos de síndrome gripal em todos os equipamentos de saúde (não internados) - Sistema para digitação: ESUS
2) Notificação de casos com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) internados - Sistema SIVEP GRIPE
3) Além disso, as unidades sentinela para Influenza, continuarão notificando para o vírus e o novo Coronavírus
Nota do Cejam:
O CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim", responsável pelo gerenciamento de 92 unidades de saúde e hospitais nos municípios de São Paulo, Mogi das Cruzes, Embu das Artes, Campinas, Cajamar, Francisco Morato, Santos, Osasco, Itu, Carapicuíba e Rio de Janeiro, esclarece que segue estritamente diretrizes e orientações passadas pelas Secretarias de Saúde. O CEJAM ressalta ainda que segue normalmente com o atendimento à população em todas as unidades que gerencia. Com isso, reforça sua preocupação com a sociedade de uma maneira geral, principalmente neste período de pandemia, e coloca-se à disposição para esclarecimentos que se façam necessários.