A prefeitura de São Paulo teve de afastar 60% dos coveiros por terem mais de 60 anos de idade e, portanto, formarem o chamado grupo de risco. A pandemia do novo coronavírus exigiu reformulação do quadro de coveiros e ampliação das vagas de sepultamento na cidade, além de novas regras para velórios e transporte de corpos.
"Cerca de 60% dos mais de 250 sepultadores da cidade foram afastados de suas funções por terem 60 anos ou mais e estão em casa", informou o Secretário Municipal das Subprefeituras de São Paulo, Alexandre Modonezi de Andrade. A decisão segue o decreto municipal que declarou situação de emergência na capital paulista em 16 de março.
Para preencher o quadro, a prefeitura contratou 220 temporários terceirizados para a função. O contrato de seis meses custou R$8,9 milhões.
Além das contratações, São Paulo também tem agora vinte carros a mais para fazer o translado de corpos, dentre os quais dez exclusivos para vítimas ou casos suspeitos de covid-19 .
Com 113 mortes devido ao novo coronavírus até esta segunda-feira, a cidade de São Paulo ainda não registrou aumento absoluto no número de óbitos ao dia, segundo o Secretário. Em dias normais são 250 mortes ao dia , em média, com pico de 340 nos meses mais rigorosos de inverno.
Mas o objetivo das medidas é evitar que se repitam aqui cenas que se tornaram comuns no noticiário de países como Itália e Estados Unidos nos últimos dias, com caminhões e salas improvisados utilizados para transporte e armazenamento funerário.
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Nos cemitérios da Vila Alpina e Vila Mariana serão instaladas mil novas gavetas que duplicarão as vagas de sepultamento disponíveis na cidade. As compras de urnas funerárias também aumentaram: de seis mil em meses normais para oito mil em março.
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"No inverno , com todas as vagas que temos, conseguimos fazer até 500 sepultamentos ao dia. Mas a expectativa é que não precisemos", esclarece o Secretário. "Se a situação piorar, conseguimos providenciar câmeras frigoríficas e novas gavetas rapidamente. Mas até o momento nada indica essa necessidade."
A cidade adquiriu 5 mil sacos impermeáveis que devem proteger os corpos de casos suspeitos ou confirmados desde os hospitais até os caixões lacrados nos velórios, evitando a contaminação do entorno.
Desde 16 de março, todos velórios devem durar apenas uma hora e poderão reunir, no máximo, dez pessoas. Para vítimas da doença, os velórios são permitidos, mas desaconselhados .
"Nos casos de covid-19, se não quiserem o velório, fazemos uma despedida de 15 minutos. Se a família assim optar, porque muita gente não quer fazer", afirma Andrade.
Apesar das medidas divulgadas pela secretaria, representantes dos trabalhadores funerários no Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo reclamam da falta de equipamentos
de proteção individual (EPI), como luvas e máscaras, que estariam chegando nos cemitérios "a conta gotas".
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A categoria também reinvidica a suspensão imediata de velórios . Mesmo com a limitação de público, velórios simultâneos geram aglomerações que não são indicadas para conter a epidemia no momento e colocam em risco a saúde dos profissionais funerários, alertam.
Segundo o Serviço Funerário do Município de São Paulo, no entanto, a decisão de suspensão dos velórios deve partir de orgãos da gestão sanitária do país.