O governador do Ceará, Camilo Santana ( PT ),declarou, nesta sexta-feira, que já abriu processo disciplinar para a punição dos policiais militares amotinados no estado. Ele afirmou que não negociará qualquer anistia administrativa com os manifestantes, exigida pelos líderes do motim para evitar punições previstas em lei. As declarações foram dadas ao blog do jornalista Gerson Camarotti, no G1 .

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O governador do Ceará, Camilo Santana (PT)
Divulgação
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT)


 "Se a anistia acontecesse aqui, seria um grande prejuízo para o Brasil. Os governos sempre anistiam essa classe, o que é um erro. É um erro do país. Eles (policiais) fazem isso porque acham que depois não vai dar em nada. Mas a minha decisão é inegociável. Todos estão sendo identificados e serão punidos com o rigor da lei. Estamos firmes. Não podemos ceder. Vamos dialogar com quem? Com bandido não dá", declarou.

E ressaltou:

"Nossa resposta tem que ser com muito rigor. Nós não podemos permitir as atitudes ilegais, motins, depredação de patrimônio público. Não podemos permitir homens fardados tentando criar o terror da população."

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Na quinta-feira, o governador descartou entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para acabar com o motim. Santana passou a manhã e o início da tarde em visitas a batalhões e quartéis da PM e do Corpo de Bombeiros. Ele dialogou com integrantes das corporações e agradeceu aos agentes que não aderiram ao motim.

"Digo a todos os senhores que confio na Polícia Militar do Ceará e os cearenses confiam em vocês. Esse é um momento de estarmos juntos, unidos para cumprir nosso papel constitucional de defender o povo cearense", declarou o governador aos policiais.

O secretário de Segurança Pública do Ceará, André Costa, afirmou ao G1 que parte dos envolvidos no motim já foi identificada. Segundo ele, os policiais deverão responder criminalmente e sofrer sanções administrativas. Costa ressaltou ainda que 261 PMs respondem a inquéritos militares e procedimentos administrativos por envolvimento nos atos e que os agentes não vão receber salário.

Na noite de quinta-feira, os policiais e bombeiros militares recusaram o acordo proposto pelo governo do estado de realizar um aumento dos R$ 3,2 mil atuais para R$ 4,5 mil, parcelado até 2022.

Segundo informações divulgadas pelo G1 , pelo menos três batalhões da PM seguem inoperantes e com PMs amotinados na manhã deste sábado, quinto dia de paralisação. Um dos primeiros a registrar motim, o 18º Batalhão da Polícia Militar, no Bairro Antônio Bezerra, na capital, está rodeado de carros da polícia com pneus esvaziados. Conforme O GLOBO apurou, o clima entre os amotinados é tenso no batalhão . As mulheres dos policiais, que também estão no local, são as únicas que não escondem a própria identidade.

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O Ceará viveu uma disparada de violência em 48 horas. Entre 6h de quarta-feira e 6h de sexta-feira, foram registrados 51 assassinatos, contra uma média de seis por dia no restante do ano. Nas primeiras 24 horas desse período, os homicídios tinham chegado a 29. As informações são da Secretaria de Segurança Pública do estado.

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