No dia em que morreu, o ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega usava uma arma com dispositivo de rajadas, que permite atirar como uma metralhadora. A informação foi divulgada ontem pelo “Fantástico’’, da TV Globo, e mostra o quanto o miliciano estava preparado para reagir durante a fuga . A reportagem revela ainda que “não seria possível disparar tiros isolados”.
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No escudo, usado pela polícia durante a operação, havia, no entanto, apenas duas marcas de tiros. Na casa, outros quatro buracos, que podem ser de marcas de balas ou de estilhaços. Adriano foi morto no último dia 9, na casa do sítio onde estava foragido e que foi cercada pela polícia baiana, durante a operação.
Lavagem de dinheiro
Para o coronel João Vicente Guimarães, os agentes deveriam ter esperado Adriano se entregar. “Não há uma decisão de invasão de uma edificação quando não há um refém. A polícia não tem urgência pra fazer isso. Então nesse caso, pura e simplesmente, devia ter cercado aquela edificação e esperar que ele se entregasse”, avaliou João Vicente, consultor de segurança, ao “Fantástico”.
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Ainda segundo a reportagem, o Ministério Público da Bahia abriu investigação para apurar se Leandro Guimarães, que abrigou em sua fazenda Adriano da Nóbrega, lavava dinheiro do miliciano na região. A polícia do Rio, como mostrou o GLOBO no último dia 10, acredita que as fazendas de gado — Adriano teria terras na Bahia e em Sergipe em nome de laranjas — eram uma forma usada para lavar o dinheiro do crime.
O Fantástico mostrou também vídeos com Adriano em uma academia de ginástica, o condomínio de luxo onde o miliciano ficou hospedado com a família, inclusive no réveillon, e uma foto dele, na fazenda de Leandro Guimarães.
tom mais ameno
Um dia depois de falar pela primeira vez sobre a morte de Adriano da Nóbrega, e responsabilizar o PT pelo caso, o presidente Jair Bolsonaro diminuiu ontem o tom. Ao voltar ao Palácio da Alvorada, ontem, depois de ter acompanhado a partida da Supercopa do Brasil, entre Flamengo e Athletico, no estádio Mané Garrincha, Bolsonaro afirmou esperar que as investigações sobre a morte de Adriano “cheguem a um bom termo”. Questionado se entedia se tratar de um crime político, Bolsonaro se limitou a dizer: "Estão investigando e espero que cheguem a um bom termo".
No sábado, o presidente Jair Bolsonaro atribuiu a morte do miliciano à Polícia Militar da Bahia, estado governado pelo petista Rui Costa, e, em nota, disse que o caso é semelhante “à queima de arquivo do ex-prefeito Celso Daniel, onde seu partido, o PT, nunca se preocupou em elucidá-lo, muito pelo contrário’’.
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Pelas redes sociais, o governador da Bahia rebateu o presidente e afirmou que “o governo do Estado da Bahia não mantém laços de amizade nem presta homenagens a bandidos nem procurados pela Justiça. A Bahia luta contra e não vai tolerar nunca milícias nem bandidagem’’.