A campanha #CarnavalSemAssédio completa 5 anos de atuação no carnaval de São Paulo, com a proposta de acolher vítimas de abuso, assédio, violência sexual e homofobia nos blocos da cidade. A proposta, que nasceu de uma iniciativa do site Catraca Livre, ganhou parceria da produtora Rua Livre e a Prefeitura de São Paulo. As ações em 2020, porém, acontecerão em mais outras quatro cidades: Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro e Salvador.
O intuito da campanha é combater o assédio durante as festividades e reduzir os danos evidenciados pelos dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), que apontam que as denúncias de violência sexual aumentam 20% nos meses de Carnaval, isso sem levar em conta que a maioria das vítimas não revela as infrações.
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A campanha já está em sua quinta edição, mas este é o segundo ano em que os 'Anjos do Carnaval' entram em ação para acolher e orientar vítimas de abusos. Os anjos são as pessoas que integram a equipe de especialistas e voluntários treinados para fazer o primeiro contato com as vítimas de assédio e conduzi-las para a equipe técnica.
Os anjos também desempenham as funções de identificar assediadores para reportar às autoridades e distribuir mais de 100 mil adesivos de conscientização sobre a campanha. Os voluntários estarão presentes nos blocos com maior concentração de foliões durante todos os dias do Carnaval, de sábado (22) à terça-feira (25).
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Outra novidade da campanha em 2020 é que, pela primeira vez, homens héteros farão parte do corpo de voluntariado.
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Carnaval sem assédio em São Paulo
As vítimas acolhidas pelos anjos serão levadas ao Ônibus Lilás, cedido pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, e para outros cinco pontos estratégicos definidos pela Prefeitura, onde poderão ser atendidas por técnicas capacitadas que conduzirão todo o processo de acolhimento, orientação e atendimento.
A cidade de São Paulo conta com uma estrutura integrada à campanha para atender aos casos de assédio e violência sexual. As vítimas poderão ser encaminhadas à Casa da Mulher Brasileira, programa de combate à violência contra a mulher que funciona 24 horas, onde poderão registrar Boletim Ocorrência e receber orientação especializada sobre a rede de atendimento para vítimas de violência de gênero.
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Além da importunação sexual contra mulheres, a homofobia também é uma pauta que preocupa os organizadores da campanha. Segundo dados obtidos pela pesquisa LGBTfobia no Carnaval de 2019 , 83% dos entrevistados da comunidade LGBT revelaram ter presenciado casos de beijos forçados, encoxadas ou corpos tocados sem consentimento, agressão física, agressão verbal ou abuso.
"Este ano é um marco: estamos na quinta edição da campanha, e, diferentemente de 2016, quando tudo começou, podemos afirmar que esta se tornou a pauta obrigatória quando se fala em Carnaval. Assédio não deve ser tolerado em situação nenhuma e nosso objetivo é mostrar que isso deve ser aplicado a cada bloco, a cada desfile, a cada baile", diz Paula Lago, coordenadora da campanha Carnaval Sem Assédio.
Além dos organizadores, a campanha mobiliza uma rede abrangente de apoiadores integrada por diversos órgãos e coletivos como o Ministério Público do Estado de São Paulo, a ONU Mulheres, a Comissão da Mulher Advogada (OAB), os coletivos Não é Não e Mete a Colher, a ONG Engajamundo, a Rede Nossas e a Change.Org.