Viagem de Kalil a cassino é criticada após novas mortes em Belo Horizonte

Deputado estadual falou de descaso do prefeito, que estava na Argentina no dia 15, quando começaram as tempestades
Foto: Divulgação
Alexandre Kalil durante ação da Defesa Civil em Belo Horizonte


O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), voltou a ser criticado por ter tirado folgas e visitado cassinos na Argentina justamente quando a cidade começava a enfrentar aquela que é considerada a maior chuva registrada em 110 anos pelo Inmet no município, que resultou, até agora, em 55 mortes. As críticas ganharam forças após reportagem da Veja revelar que a administração municipal teve cerca de R$ 1 bilhão em recursos destinados a obras de infraestrutura no ano passado represados.

A verba ainda não se traduziu em intervenções capazes de prevenir vulnerabilidades estruturais em casos como fortes chuvas até o início deste ano de 2020, quando novas eleições municipais serão disputadas. À revista, a prefeitura alegou que a questão se deu por conta de "burocracias estatais".

No primeiro dia de fortes chuvas, no último dia 15 de fevereiro, Kalil estava de folga em Buenos Aires em roteiro de lazer que incluía ida a cassinos locais. À Folha de São Paulo, ele justificou dizendo não tirar férias há três anos.

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Para o deputado estadual Léo Portela (PL), o prefeito "está seguindo a cartilha de todos os prefeitos que o antecederam". Ele usou as redes sociais para atacar o que considera descaso com o município. "Incompetência e descaso total com os problemas causados pelas chuvas em BH. Mas a ideia não era fazer diferente dos “políticos”? Claro que não, aquilo era só pra ganhar o seu voto", escreveu.

Nesta semana, Kalil usou a mesma plataforma para dizer que suas equipes estão exaustas, mas salvando vidas. Mas após as novas chuvas que atingiram Belo Horizonte nesta terça-feira (28), voltou a ser atacado por Portela, que cobrou ações efetivas contra as chuvas repassando imagens de estragos na região em que o líder do executivo reside. "Marília de Dirceu onde o prefeito mora. Agora ele fará alguma coisa".

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Até o momento, 110 municípios de Minas Gerais estão em situação de emergência por causa da força das chuvas. De acordo com o Inmet, choveu 183% acima do esperado para o mês de janeiro na capital mineira. Ao todo, 932,3 milímetros de chuvas já foram registrados no local, maior medição em 110 anos, superando o recorde anterior, de janeiro de 1985, quando a cidade recebeu 850,3mm de precipitações.

Apesar de se tratar de um recorde na medição histórica de chuva (932,3 milímetros desde que começou a medição), a capital mineira sofre anualmente nesse período com alagamentos. O mês que o prefeito decidiu viajar teve estragos na Avenida do Contorno, uma das mais importantes da cidade, alagou pontos turísticos como o Mercado Central e levou carros em bairros frequentados pela classe alta, como o Lourdes, endereço dos restaurantes mais requintados da cidade.

Com previsão de novas chuvas, moradores de Belo Horizonte usaram as redes sociais nesta quarta-feira (29) para discutir sobre a necessidade de prevenção e a responsabilização após problemas causados pelas chuvas. Nomes como o do parlamentar Leo Portela ecoaram críticas sem poupar o poder executivo, na figura do prefeito Alexandre Kalil: "Ele não é culpado pelas chuvas, mas pelas consequências na cidade sim".

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