O supermercado WalMart interrompeu o pagamento do tratamento médico de Débora Stefanny Dantas de Oliveira, jovem de 19 anos que perdeu o couro cabeludo em um acidente de kart no dia 11 de agosto do ano passado, em Recife (PE).
A informação foi confirmada pelo advogado de Débora, Eduardo Barbosa, que afirma que o supermercado condicionou a continuidade do pagamento a assinatura de um termo isentando a empresa de culpa. Segundo Barbosa, o tratamento sempre foi custeado pelo WalMart , que abriga a pista de kart Adrenalina Kart Racing, onde aconteceu a tragédia, mas nunca houve nenhum tipo de contrato entre as partes.
Ele também conta que Débora sempre se comunicou com a empresa por meio de uma pessoa do departamento de recursos humanos e que ao entrar em contato para solicitar a compra das passagens de Recife para Ribeirão Preto no início de janeiro, foi surpreendida ao ser orientada a falar com a área jurídica da empresa, que teria informado sobre o termo.
“Ela sempre foi muito tranquila, confiava na palavra deles”, diz Eduardo Barbosa, explicando que até o momento não havia nenhum tipo de processo na Justiça aberto por Débora contra o WalMart. O advogado, porém, informou que está reunindo documentos, incluindo laudos médicos, para entrar com uma representação judicial até o final desta semana.
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Nota do Grupo BIG
O grupo BIG, responsável pela rede WalMart no Brasil, divulgou uma nota afirmando ter recebido com surpresa as declarações de Débora Dantas e seu namorado, Eduardo Tumajan, sobre a interrupção de pagamento.
"Desde o primeiro momento em que ocorreu o acidente na pista de kart no estacionamento da loja em Recife (PE), a prioridade do Grupo BIG foi a de prestar toda a assistência para Débora Stefany Oliveira, apesar do fato ter acontecido em uma área alugada para um terceiro, sem qualquer responsabilidade da companhia.
A empresa arcou com todos os custos financeiros do tratamento – centro cirúrgico/hospitalar, equipe médica, medicamentos, além do custeio de passagens aéreas, estadia, refeições, inclusive de acompanhantes de sua escolha. Até agora, o tratamento foi realizado com sucesso no Hospital Especializado de Ribeirão Preto, referência no Brasil em cirurgias de alta complexidade no campo de microcirurgias reconstrutivas plásticas.
Diante desse histórico, o Grupo BIG recebeu com surpresa as declarações de Débora Oliveira, pois mantém integralmente o seu compromisso de assumir todas as despesas com o tratamento dela. Vale assinalar que a equipe médica responsável pelo caso recentemente apresentou o novo cronograma, que prevê a realização de aproximadamente 10 procedimentos ao longo de 2020.
O que está sendo questionado, portanto, não é a continuidade do tratamento. Mas o seu pedido para que a empresa arque com os custos da sua ida aos Estados Unidos e outras despesas que extrapolam em muito qualquer relação com a questão médica e saúde dela.
O Grupo BIG reitera que sua prioridade sempre foi a plena recuperação da saúde de Débora Oliveira e não tem medido esforços para assegurar que o tratamento seja bem sucedido e está à disposição para chegar a um bom entendimento com ela".
O advogado da jovem, no entanto, afirma que eles nunca receberam o novo cronograma de tratamento.
Longo tratamento médico
Depois do atendimento imediato, realizado no Hospital da Restauração, em Recife, Débora foi transferida para o Hospital Especializado de Ribeirão Preto , onde ficou internada por cerca de dois meses e realizou mais de 20 cirurgias.
No fim de 2019, ela voltou para Pernambuco, onde passou o fim do ano com a previsão de retornar ao hospital no interior de São Paulo na primeira semana de janeiro para novos procedimentos, que estavam marcados para os dias 6 e 14 de janeiro.
Em conversa com o Portal iG em dezembro de 2019 , Débora explicou que a intervenção do início de janeiro seria uma das mais importantes já realizadas. Segundo ela, estava previsto um procedimento para inserir uma camada de gordura, retirada da sua barriga, abaixo da pele da sua cabeça.
Esse seria o início de uma série de cirurgias complexas. Para a reconstrução do escalpo, Débora teve diversas outras partes de seu corpo lesionadas. Ela já teve que retirar pele das suas duas pernas, por exemplo, para cobrir a cabeça, e a cicatrização não foi fácil. “Coça muito, é como se tivesse ralado”. “Você retirar uma parte do corpo para cobrir outra é funcional, mas não é natural, então tem várias consequências”, explicou Débora.
No futuro, ela também retirará um pouco do cabelo que lhe restou, na região da nuca, para refazer suas sobrancelhas. A previsão de retirada de gordura da barriga é mais uma intervenção em um longo tratamento médico que ainda deve durar anos.