O grande alvoroço causado nas redes sociais pela polarização política vivida no Brasil já se tornou desgastante para boa parte dos brasileiros, tanto que 51% deles desistiram de debater política no WhatsApp durante 2019, conforme mostra um levantamento feito pelo Datafolha. O receio de entrar em discussões acaloradas com familiares e amigos fez uma a cada quatro pessoas (27%) deixarem grupos dos quais eram participantes no aplicativo.
Segunda a pesquisa, os brasileiros mais preocupados em evitar debates são funcionários públicos (61%) e pessoas com ensino superior (59%). Já o grupo que menos evita conflitos na rede social é o das donas de casa (60%). O levantamento ainda indica que 19% das pessoas deixaram de seguir ou bloquearam o perfil de amigos, familiares e empresas.
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Lado positivo
Apesar do desgaste criado pela polarização, ainda existe otimismo a respeito da relação entre política e redes sociais. A crença de que elas a ajudam dar voz a grupos normalmente preteridos pela sociedade é compartilhada por 77% do total dos entrevistados pelo Datafolha. Entre eles, estão 80% das pessoas que ganham mais de dez salários mínimos, 86% dos jovens de 16 a 24 anos e 90% de pessoas com ensino superior.
A percepção daqueles que cursaram apenas o ensino fundamental, no entanto, já não é tão otimista, uma vez que o número cai para 64% dentro deste grupo. Entre as pessoas com 60 anos ou mais, 62% acreditam que as redes podem dar voz aos excluídos.
Participação popular
Também é considerável o percentual de brasileiros que acreditam que as redes sociais potencializam a participação popular no cenário político. De acordo com a pesquisa, 54% afirmam que as redes são importantes para voltar a atenção dos políticos às discussões sociais, enquanto 48% as consideram importantes para criar movimentos de influência na sociedade.
O número cai para 43% quando a questão é o poder das redes sociais em influenciar a decisão de políticos, mas sobe para 53%, na mesma avaliação, entre aqueles que apontaram o PSL, bastante ativo na internet, como partido de preferência.
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Falta confiança
Por outro lado, 69% dos brasileiros afirma que as redes distraem as pessoas do que realmente importa, assim como 59% as enxergam mais como um meio de divulgar notícias falsas do que como fonte confiável de informação. Pessoas que votaram em Fernando Haddad (62%) e branco e nulo (64%) são a maioria entre os que têm essa opinião.
Entre os entrevistados, 18% disseram seguir a conta do presidente Jair Bolsonaro em alguma rede social. Os números sobem para 27% entre quem tem preferência pelo PSL e para 31% entre pessoas que ganham mais de dez salários mínimos. Os mesmos grupos têm um índice de 40% na hora de avaliar a gestão do atual governo como ótima ou boa, percentual que cai para 30% entre o total dos consultados.
A pesquisa da Datafolha foi feita nos últimos dia 5 a 6, em 176 cidade, com 2.948 pessoas entrevistas. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.